FALTA DEMOCRACIA
D. Manuel Martins foi bispo de Setúbal. Passados mais de trinta anos do seu confronto com a dura realidade daquela gente, sofre ainda mais com a paralisia e o silêncio da sua igreja.
"Hoje a nossa Igreja é um arquipélago...A Igreja perdeu a capacidade de sujar as mãos com a vida dos homens. A Igreja deveria manifestar-se mais. Por vezes acredita mais no Belmiro de Azevedo e outros, anda pendurada em dependências...
Gostava de uma Igreja que não condenasse, que dialogasse, que derrubasse muros, que comungasse os problemas do mundo, que ouvisse os clamores das pessoas e lhes soubesse responder .
A Igreja tem de sair para a rua, para o povo notar que está ao serviço do Homem. Toda esta descoberta da dignidade funda-se na democracia que passa pela vivência e pelo testemunho de uma descoberta de valores. E estamos muito longe de qualquer coisa a que se possa chamar de democracia.
"Hoje a nossa Igreja é um arquipélago...A Igreja perdeu a capacidade de sujar as mãos com a vida dos homens. A Igreja deveria manifestar-se mais. Por vezes acredita mais no Belmiro de Azevedo e outros, anda pendurada em dependências...
Gostava de uma Igreja que não condenasse, que dialogasse, que derrubasse muros, que comungasse os problemas do mundo, que ouvisse os clamores das pessoas e lhes soubesse responder .
A Igreja tem de sair para a rua, para o povo notar que está ao serviço do Homem. Toda esta descoberta da dignidade funda-se na democracia que passa pela vivência e pelo testemunho de uma descoberta de valores. E estamos muito longe de qualquer coisa a que se possa chamar de democracia.
As pessoas da Igreja já perderam capacidade de protesto.Por exemplo: perante a lei de trabalho que querem colocar em vigor, não percebo como é que a Igreja se cala, diante de uma agressão tão grande aos direitos da pessoa humana (excertos da reportagem de C. Martins e M. Robalo e foto de Tiago Miranda-Única- Expresso)
6 comentários:
Agry
Por mais que entenda e seja solidário com o bispo de Setúbal, não consigo deixar de pensar num fato concreto e histórico, a Igreja é parte da construção ideológica que redundou no neoliberalismo.Assim, o mais que se pode fazer é lutar para que seja neste mundo, nesta terra e para nós, seres humanos, a concreção daquilo que outros chamaram de Paraíso ou Utopia. Não temos tempo a perder e ao bispo há o implícito convite para a participação como Homem e Religioso.
Pedro
Não me deixei, nem deixo, embalar pela doutrinação religiosa.
Pretendi, tão-somente, salientar que mesmo no quadro de instituições conservadoras e cúmplices como a Igreja Católica, surgem, de quando em vez, vozes lúcidas em contraste com a hipocrisia, a demagogia e o populismo de sectores supostamente de esquerda como é o caso do PS em Portugal ( e não só)
Dito de uma forma mais grosseira, e me desculpa a expressão: No esterco, também nascem flores.
Mas isto poder-nos-ia levar bem longe. Não será necessário, certamente, recordar-te que é sempre útil definirmos quem é o inimigo principal, em determinado momento.
Abraço
Agry
Caro amigo, longe de mim pensar o que o meu comentário parece dizer. Na realidade, a meu modo, estava a escrever para o Bispo, já que não posso mais a ele reclamar.
Obrigado pelo esclarecimento. Espero que o bispo te leia e que visite o blog, como eu faço
A igreja...
Grandes controvérsias e diálogos advém dessa Instituição.
Inicialmente se delineou um plano quase perfeito para Igreja: ensinar os homens a viver em sociedade aplicando os princípios básicos: respeito, lealdade, verdade, coragem...dentre outros já bem sabidos.
Mas, devo opinar que não é o que acontece, eu deveria sentir-me segura dentro das paredes de uma igreja, mas no fundo sinto-me constantemente avaliada pelos ditos "crentes".
Como podes ensinar alguém a ter fé?
Como pode a religião "matar" em nome de um ser superior?
Se os escritos antigos abominam homens que se auto-proclamam senhores das vidas alheias?
Ao longo dos tempos tem surgido uma montanha de filmes contra e a favor da Igreja e lembro-me de um em particular:Stigmata - "Jesus said... the Kingdom of God is inside you, and all around you, not in mansions of wood and stone. Split a piece of wood... and I am there, lift a stone... and you will find me."
Essa frase ficou-me na mente como que gravada a ferro e fogo e digo-te desde já que minha fé (não sei se posso dizer em Deus) está mais forte ainda. Tenho fé sim, na natureza, em mim, em algo superior a mim, no próprio cosmos.
Ops...escrevi demais.
Bjs..serenamente angelicais
A Igreja, os seus fantasmas, a incongruência que a envolve e os salpicos de coerência que vão surgindo aqui e ali.
Sou visceralmente anti-religioso mas isto não me tem impedido de saudar vozes como a deste Bispo, de Frei Betto e Leonardo Boff, e de Anselmo Borges ,entre outros.
São padres que procuram articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com a religião. Advertem a Igreja que não pode pregar os direitos humanos fora dela, quando os não pratica no seu seio.
No que respeita ao uso de preservativos, por exemplo, o sector mais reaccionário da Igreja (Católica) condena o seu uso ainda que conhecedores das graves implicações em matéria de sofrimento humano. Os outros, os humanistas, os mais esclarecidos, de quando em vez são expulsos. Foi o que aconteceu, por exemplo, ao jesuíta Juam Masiá, em Espanha
Bjs carinhosos
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