Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

GENTE PARA QUEM A CIDADE NÃO SORRIU

Eduardo Pereira colabora no Net.esquerda. Dele, li uma radiografia dos bairros ditos problemáticos, das rusgas e da arbitrariedade que elas encerram.O que se segue é um excerto do texto de E.P.:

"Nos últimos tempos, tem-se tornado um hábito a realização de rusgas policiais em vários bairros ditos "problemáticos" das principais zonas urbanas, nomeadamente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. A polícia chega, corta os acessos ao bairro, invade as ruas, por vezes invade também algumas casas. Qualquer pacato cidadão, ou cidadã, que vá a passar na rua, pode ser abordado, identificado, revistado, encostado a uma parede, apenas porque estava a passear na sua rua, no seu bairro. Porque a rusga é cega, não distingue. Esta rusga é como uma rede de malha muito estreita, usada numa pesca de arrasto: ninguém lhe escapa. Siga a rusga, trema a terra!
Mesmo que, em tese, possamos admitir a eventualidade de, em situações absolutamente excepcionais e de gravidade extrema, a rusga policial ser a única forma eficaz de actuação, a verdade é que, no presente, assistimos a uma vulgarização inadmissível deste tipo de intervenção policial. Vulgarização, que significa um abuso. Porque a rusga é essa forma de intervenção policial que dispensa o incómodo da investigação. Não há princípio de presunção de inocência numa rusga. Ao contrário, quem vive num bairro dito "problemático" é presumido culpado, pelo menos até que a rusga o possa ilibar. A banalização destas rusgas demonstra ainda o fracasso do modelo de integração social baseado na construção de grandes dormitórios desprovidos de respostas sociais mobilizadoras. Precisamos de uma estratégia diferente para lidar com a exclusão social nos grandes meios urbanos Siga a rusga? trema a terra?
Confira aqui

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