Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 31 de agosto de 2010

POR QUE O OCIDENTE NÃO AJUDA O PAQUISTÃO

paquistão

Um desastre de proporções bíblicas: as enchentes provocadas por pesadas chuvas de monções durante o mês passado, já afectaram mais de 17,2 milhões de pessoas e mataram mais de 1.500,

A resposta do Ocidente foi contida. Nem se pode dizer que tenha sido generosa, o que provocou pânico em Islamabad e levou jornalistas pró-EUA no país a dizer que, se não chegasse ajuda imediata, os terroristas tomariam conta do país.  O Exército Paquistanês controla tudo. Grupos religiosos e outros reúnem doações em dinheiro e ajudam alguns desabrigados. Tudo normal.

Desde o 11 de Setembro, uma onda sinistra de islamofobia cresce na Europa e em partes dos EUA. Recente pesquisa de opinião na Grã-Bretanha “multicultural” revelou que, perguntados sobre o primeiro pensamento que lhes ocorria ao ouvir a palavra “Islão”, mais de 50% dos entrevistados responderam “terrorista”. E não é diferente na França, Alemanha, Holanda e Dinamarca.

Esse modo de tratar o Islão como o “outro” eterno tem a ver com as guerras no Iraque e no Afeganistão, mas é atitude tão errada quanto o anti-semitismo que desencadeou preconceitos e genocídio na primeira metade do século 20. Um milhão de iraquianos morreram desde que o Iraque foi ocupado: quem liga? Civis afegãos morrem todos os dias: a culpa é deles. Paquistaneses afogam-se nas enchentes. Indiferença.  Por isso, com certeza, a resposta de solidariedade ao Paquistão foi tão limitada.

Excertos duma análise de Tariq Ali, publicada em “Outras Palavras”

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