POR QUE O OCIDENTE NÃO AJUDA O PAQUISTÃO
Um desastre de proporções bíblicas: as enchentes provocadas por pesadas chuvas de monções durante o mês passado, já afectaram mais de 17,2 milhões de pessoas e mataram mais de 1.500,
A resposta do Ocidente foi contida. Nem se pode dizer que tenha sido generosa, o que provocou pânico em Islamabad e levou jornalistas pró-EUA no país a dizer que, se não chegasse ajuda imediata, os terroristas tomariam conta do país. O Exército Paquistanês controla tudo. Grupos religiosos e outros reúnem doações em dinheiro e ajudam alguns desabrigados. Tudo normal.
Desde o 11 de Setembro, uma onda sinistra de islamofobia cresce na Europa e em partes dos EUA. Recente pesquisa de opinião na Grã-Bretanha “multicultural” revelou que, perguntados sobre o primeiro pensamento que lhes ocorria ao ouvir a palavra “Islão”, mais de 50% dos entrevistados responderam “terrorista”. E não é diferente na França, Alemanha, Holanda e Dinamarca.
Esse modo de tratar o Islão como o “outro” eterno tem a ver com as guerras no Iraque e no Afeganistão, mas é atitude tão errada quanto o anti-semitismo que desencadeou preconceitos e genocídio na primeira metade do século 20. Um milhão de iraquianos morreram desde que o Iraque foi ocupado: quem liga? Civis afegãos morrem todos os dias: a culpa é deles. Paquistaneses afogam-se nas enchentes. Indiferença. Por isso, com certeza, a resposta de solidariedade ao Paquistão foi tão limitada.
Excertos duma análise de Tariq Ali, publicada em “Outras Palavras”
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