MONO JOJOY – O OUTRO LADO DA NOTICIA
Tal como aconteceu com o Che, agora voltam a exibir cadáveres, deixá-los fotografar (por repórteres tão obscenos quanto eles), a assinar colunas "de opinião", nas quais pedem mais e mais sangue, a gerar adesões de mandatários da extrema direita latino-americana e europeia, que se somam assim ao conciliábulo de bruxos e comprazem-se com este festival sanguinolento, os desejos de "paz" das suas respectivas oligarquias. Uma "paz" que todos eles precisam para continuarem a acumular riquezas e continuar a esmagar até o limite os milhões de famintos dos seus respectivos países
Equivocam-se Santos e seus sequazes quando crêem que a morte dolorosa do Comandante Briceño e de suas companheiras e companheiros assassinados vai paralisar a luta da insurgência.
O Comandante Jorge Briceño nasceu de mãe e pai guerrilheiros, viveu praticamente toda a sua vida levantado em armas e nesse andar irmanou-se a Marulanda, Jacobo Arenas, Alfonso Cano, Simón Trinidad, Sonia, Raúl Reyes, assim como Camilo Torres, o Padre Manuel Pérez, o Comandante Gabino e outros insurgentes como eles, que abandonaram todas as comodidades da vida "normal" precisamente para que milhões de pobres possam alcançar a normalidade de ter comida, tecto e terra para eles e seus descendentes.
Alguém acredita que esta situação de pobreza e exclusão não continue a provocar estragos na Colômbia actual? Alguém pensa que a explosiva situação social que gera contínuas greves operárias e estudantis, marchas ou reuniões indígenas e protestos de todo tipo a toda largura e comprimento do território colombiano, são uma invenção da insurgência, ou simplesmente a realidade de um país no qual dez famílias apoderam-se dos 90% do que produz o grosso da população? Mas, além disso, alguém supõe que uma insurgência como a que se desenvolve na Colômbia há cinco décadas poderia haver subsistido se amplos sectores desse povo (operários, estudantes, camponeses) não lhe servissem de viveiro para continuar a gerar respostas dignas a tanto ódio e morte desencadeado pelos governos liberais e conservadores?
Finalmente, basta só desejar que vozes exemplares como as da senadora Piedad Córdoba, mulher íntegra e valente, sejam escutadas. Ela, apelado a toda lógica, sabe que a única solução para um conflito político e armado é a negociação entre as partes. Sabe também que a insurgência não é o problema, como já o demonstrou no Caguán. O obstáculo são os falcões da morte. Enquanto a sua doutrina continuar a ser "a solução militar", que não haja dúvidas: continuará a haver luta.
NOTA: excertos da análise “O Comandante Jorge Briceño e os falcões da morte” por Carlos Aznárez
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