Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

domingo, 3 de outubro de 2010

BRASIL VOTA COM OS OLHOS NO FUTURO

CRÓNICAS E CRITICAS
Existem momentos e situações em que é muito forte a vontade de realizar um texto em que a emoção tenha o mesmo peso e a mesma densidade que se exige da razão, tal a força e a exigência histórica que a todos nos envolve. Essa eleição de 3 de Outubro, além de recordar outros históricos 3 de Outubro e seus significados para o nosso povo, tem todos os sinais da excepcionalidade.
Uma excepção que pode e deve ser medida entre o Brasil do futuro - alegre, feliz e rico em bem-estar, que é o que deseja o povo brasileiro e o Brasil da submissão, da dócil entrega de nossas riquezas, da miséria e do atraso e da exploração. Uma exploração tão constante e secular que parecia ser capaz de nos determinar como eternos servos ou semi-escravos de um sistema que faz da desumanidade a sua principal regra e princípio.
O povo brasileiro, no entanto, está decidido a dizer e a fazer algo bem diferente daquilo que nossas oligarquias e o sistema desejam. O povo quer ser livre, quer ter direitos sociais e políticos muito além das fantasias liberais das democracias representativas ao estilo dos Estados Unidos, em que o verdadeiro poder não está concentrado nas instituições definidas por sua Carta Constitucional, mas, nos núcleos económico-financeiros que financiam e controlam a acção política do país.
É este o motivo pelo qual o Império, seja através de seus prepostos diretos, ou de seu complexo midiático, tudo faz para evitar que o povo brasileiro, a exemplo do que ocorre em vários países da América Latina, reforce a sua soberania e faça da liberdade algo mais concreto que simples palavras em belos preâmbulos constitucionais.
A luta foi e é árdua, pois, uma das tácticas, é tentar convencer a maioria da população que deve pensar como as elites, «como todo mundo», criando uma sensação de unanimidade. Outrora, dessa forma, as elites puderam sempre se colocar como os reais e lídimos representantes da vontade nacional, arrogando-se o direito de dirigir o processo eleitoral brasileiro. Foi desse modo que conseguiram fazer com que o famoso "Consenso de Washington", o neoliberalismo e a globalização se transformassem em "verdades" irrefutáveis e imutáveis e ato contínuo, emplacaram um presidente em 1994, Fernando Henrique Cardoso, que por oito anos executou a política decidida em Washington e Wall Street.

Em 2002, há uma grande novidade: o povo escolhe para presidente um torneiro mecânico, Luiz Inácio Lula da Silva, com largo passado de lutas sindicais, principal responsável pela fundação do Partido dos Trabalhadores, em 1980. Em 2006, o Presidente Lula é reeleito, apesar da fortíssima campanha dos meios de comunicação contra ele e seu partido.
Nesse segundo mandato, o Presidente Lula continuou sob o fogo de barragem da mídia que fingia não haver nenhum progresso no país, embora os números e a realidade dissessem o contrário. Mas os altos índices de aprovação popular de sua administração davam conta de que o povo estava imune às manipulações midiáticas. O êxito internacional do governo Lula torna-se impossível de ser desconhecido internamente, até porque se intensifica o uso da internet, com seus blogs, sítios de informação e análises, como substitutos da mídia tradicional.
A grande mídia brasileira prossegue em sua saga servil aos interesses imperialistas e das oligarquias, esmerando-se em desqualificar palavras e princípios políticos e éticos como o nacionalismo, a soberania, a solidariedade, a paz, a integração regional e a fraternidade entre os povos. Estão a demonstrar continuadamente que seus fundamentos e bases morais estão consagrados à uma ordem económica e política subordinada aos interesses de quem detém a hegemonia do sistema.
Desse modo, já se vê claramente que a árdua e duríssima luta em defesa da Petrobrás e do PetroSal pelo Governo Lula irritou sobremodo os interesses das elites e do império. Para o império e os vende pátrias brasileiros o total domínio de nossas riquezas naturais e minerais é de suma importância para garantir certa sobrevida ao moribundo sistema capitalista que vive momentos de crise estrutural gravíssimos.
D'aí a campanha de baixarias, calúnias, difamações e mentiras que foram desenvolvidas contra a candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff, na insana procura por uma mudança no que já se sabia ser a maioria da vontade dos brasileiros. Toda a grande mídia brasileira numa orquestração diabólica com institutos de pesquisa, ainda está tentando desesperadamente interferir no processo eleitoral para desfavorecer Dilma Rousseff.
Junto a esse quadro surgiu um bombardeio de emails e documentos falsos pela internet num verdadeiro bombardeio de intrigas, desqualificação e ofensas morais à candidata do Partido dos Trabalhadores. Tudo indica que foi em vão, pois, Dilma ainda tem a preferência da maioria.
É, pois, neste panorama que o brasileiro vai votar. Um voto que além dos valores específicos da realidade nacional, virá com o desafio de ter que contrariar toda a parafernália comunicacional do império e de seus aliados internos.
Votar em Dilma Rousseff é garantir um Brasil para os brasileiros e reforçar a unidade da América do Sul (UNASUL) e da América Latina(CALC). Uma unidade que significará desenvolvimento, paz e prosperidade para todos.
************************
Pedro Ayres
Jornalista e autor do blogue Crónicas e Criticas da América Latina

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Agry
Muito bom esse texto postado.
Dilma Rousseff foi para o segundo turno debaixo de uma campanha midiática e internáutica de calúnias absurdas.Padres e pastores em todo o Brasil estão fazendo uma sinistra campanha contra ela acusando-a de ser favorável ao aborto e à união civil de homossexuais, que aliás já é legal no Brasil desde 1988.
Qunto ao aborto, ela apenas declarou que era contra criminalizar as mulheres que o praticaram. O suficiente para que a direita aproveitasse para através das igrejas fazer toda uma campanha negativa sobre a candidata do Partido dos Trabalhadores.
Na campanha nesse segundo turno, espera-se uma intensa guerra psicológica.
Acompanhe as nossas agruras pelos blogs especializados em política brasileira:
Vi o mundo, Conversa Afiada,Tijolaço.com,Luis Nassif e Cidadania.com.
Um grande abraço.
Maria Lucia