Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A IDEOLOGIA DO CONSENSO (5)




Quinto número da série

Para Samir Amin, o crescimento explosivo do investimento financeiro requer, e alimenta-se, da existência  de
dívida em todas as suas formas, especialmente da dívida soberana. Quando os governos que estão no  Poder dizem estar perseguindo a redução da dívida, estão mentindo deliberadamente.
Para concretizar a estratégia de financeirização dos monopólios necessita-se o crescimento da dívida, algo que na realidade os monopólios buscam mais que combatem, como um modo de absorver o lucro dos monopólios. As políticas de austeridade impostas para "reduzir a dívida", tiveram como resultado (tal e como se pretendia) o incremento do volume desta.
Numerosos países endividados passam, desse modo, à tutela do sistema financeiro internacional que, por sua vez, recoloniza os países sob resgaste financeiro.
Esta agiotagem exercida sobre os países periféricos obedece a uma estratégia que visa a financeirização dos países do norte, alimentando um retrocesso na distribuição social do excedente produtivo, traduzido no aumento generalizado da desigualdade económica e social nas nações desenvolvidas e em desenvolvimento
Associado a isto, surge a concentração da riqueza, o controle das tecnologias e dos mercados, a destruição de direitos laborais, a redução salarial e o aumento do desemprego.
No neoliberalismo, como, aliás, noutras religiões, a manipulação é a pedra angular que permite arregimentar fiéis. O que realmente leva os indivíduos a acreditar no neoliberalismo não é nenhum argumento intelectual. A maioria das pessoas acredita porque, em circunstâncias adversas - como a ameaça de desemprego – recaem sobre elas doses maciças de doutrinação. Os sacerdotes do neoliberalismo repetem, até à exaustão, a inevitabilidade e a ausência de alternativa ao modelo neoliberal. Esta ideologização pretende atingir, em primeiro lugar, os sectores mais fragilizados da sociedade.

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