OS CÃES DE GUARDA E AS CRISES
Atrás da
expressão neutra da “mundialização da economia” e seu corolário já mais
explícito da “vitória do mercado”, esconde-se um modo específico de
funcionamento e de dominação política e social do capitalismo. O termo
“mercado” é a palavra que serve hoje para designar pudicamente a propriedade
privada dos meios de produção (Chesnais)
É recorrente
ouvir-se que “os políticos e os economistas são todos iguais”. Quem o afirma? A
direita, obviamente. Uma das estratégias da cultura política
da direita é recuperar as críticas que lhe são dirigidas e assumi-las como
suas. É uma estratégia dirigida por economistas convencionais que contam com a cumplicidade
dos comentadores do costume que repetem até à náusea que não há alternativa à
austeridade.
São, parafraseando
Serge Halimi, os encenadores da realidade social e política, interna e externa
e deformam-na continuamente. Servem os interesses dos senhores do mundo. São os
novos cães de guarda.
A economia não é
uma ciência exacta, afirmam os mistificadores habituais, justificando assim as
políticas de austerecídio e de empobrecimento sob o signo do interesse
nacional.
Estamos assim perante uma tentativa
de substituir a luta política por uma cultura do consenso: “pretende-se que não haja já direita nem esquerda, que não
haja já cidadãos, mas apenas consumidores mais ou menos ricos”(Samir Amin).
O neoliberalismo, enquanto
“princípio universalista de libertação” (Bourdieu) desenvolve campanhas
sistemáticas dirigidas a vender ilusões tendo como destinatários grandes
maiorias – inclusive as gerações mais novas - de que é hora de “viver o presente”, apropriar-se do que o
imediato oferece, ignorar o passado, não questionar o futuro, sob o pretexto de
que não há alternativa ao neoliberalismo e à austeridade”.
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