Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

OS CÃES DE GUARDA E AS CRISES




Atrás da expressão neutra da “mundialização da economia” e seu corolário já mais explícito da “vitória do mercado”, esconde-se um modo específico de funcionamento e de dominação política e social do capitalismo. O termo “mercado” é a palavra que serve hoje para designar pudicamente a propriedade privada dos meios de produção (Chesnais)

É recorrente ouvir-se que “os políticos e os economistas são todos iguais”. Quem o afirma? A direita, obviamente. Uma das estratégias da cultura política da direita é recuperar as críticas que lhe são dirigidas e assumi-las como suas. É uma estratégia dirigida por economistas convencionais que contam com a cumplicidade dos comentadores do costume que repetem até à náusea que não há alternativa à austeridade.
São, parafraseando Serge Halimi, os encenadores da realidade social e política, interna e externa e deformam-na continuamente. Servem os interesses dos senhores do mundo. São os novos cães de guarda.
A economia não é uma ciência exacta, afirmam os mistificadores habituais, justificando assim as políticas de austerecídio e de empobrecimento sob o signo do interesse nacional.
Estamos assim perante uma tentativa de substituir a luta política por uma cultura do consenso: “pretende-se que não haja já direita nem esquerda, que não haja já cidadãos, mas apenas consumidores mais ou menos ricos”(Samir Amin).
O neoliberalismo, enquanto “princípio universalista de libertação” (Bourdieu) desenvolve campanhas sistemáticas dirigidas a vender ilusões tendo como destinatários grandes maiorias – inclusive as gerações mais novas - de que é hora de “viver o presente”, apropriar-se do que o imediato oferece, ignorar o passado, não questionar o futuro, sob o pretexto de que não há alternativa ao neoliberalismo e à austeridade”.

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