A PROMISCUIDADE E A DINASTIA DE POLITICOS
Neste país, à beira-mar amordaçado, o Poder ( politico e económico) repousa em estruturas anacrónicas povoadas por pessoas ainda prisioneiras dum passado tenebroso e exploradas até ao tutano
Está ainda por demolir o Aparelho Repressivo do Estado Novo.O golpe de Estado de 25 de Abril não foi além disso mesmo!
De resto, sabemos que o aparelho de Estado pode permanecer intacto como o provou as revoluções do século XIX em França e mesmo a revolução de 1917 ou a própria eleição de Allende, mais recentemente
Em nome de um Direito construido pelo fascismo, concede-se "democraticamente" imunidade aos algozes da PIDE. Pós 25 de Abril, muitos deles permaneceram junto do Poder. As grandes figuras do passado ( Melos e companhia) jamais detiveram tamanha força!
A nivel dos Aparelhos Ideológicos o panorama é, obviamente, semelhante. Existem dinastias de homens politicos, dinastias de gestores,etc. A existência de Partidos,nos quais a democracia interna está ausente, também não conduz a lado nenhum.
E se olharmos para os feudos? Os senhores feudais proliferam neste país!
Os seus filhos e dos amigos e dos amigos destes, os concursos criados e/ou sugeridos expressamente para a admissão deste ou daquele, afilhado etc. etc., despertam neles os Senhores que sempre foram
Vive-se há muitos anos um clima de promiscuidade particularmente no chamado Aparelho de Estado e nas empresas públicas
A demagogia, a ausencia de verticalidade, a mistificação grosseira, as promoções, as admissões e as expulsões repousam numa construção de mentira sórdida, nojenta.
Jamais me conformarei com a existência duma corja de arrivistas que humilham e perseguem trabalhadores os quais o único crime que cometeram foi o de não terem nascido com os olhos azuis (ou verdes ou vermelhos).
No quadro duma democracia ( ainda que formal) a sobrevivência duns não obriga à destruição de outros
A caminhada para a destruição dos legítimos interesses dos trabalhadores ainda agora começou.
Na vanguarda, temos a direita na qual se deverão incluir os dirigentes do PS.
A concentração do poder em poucas mãos, conduz inevitavelmente à arbitrariedade, ao compadrio, aos exageros de toda a ordem e à proliferação de tribos.
Os chefes tribais determinam as regras a que estão subordinados os seus súbditos.
A obsessão do Poder divide-nos em duas espécies: os que detêm o poder e os que lhe devem obediência.Sim…ainda há uma terceira categoria: os “apátridas” que vendem a alma ao diabo
As eleições são hoje um autêntico espectáculo circense só explicado à luz do que poderemos designar de patologia do Poder
Hoje realizaram-se eleições para a Câmara de Lisboa. O vencedor, um dirigente socialista é uma pessoa que cultiva a arte de violar os direitos dos trabalhadores
Valerá a pena evocar a sua passagem como líder parlamentar do PS durante a qual fez despedimentos sumários( e selectivos) ignorando os seus direitos: fez tábua rasa dos anos de serviço dos trabalhadores e permitiu-se o luxo de reduzir substancialmente o salário de alguns. Em relação a outros/as utilizou critérios bem diferentes. É a arbitrariedade convertida em lei é a arrogância convertida e fardada de poder
Quando se fala de direitos, liberdades e garantias, o que se pretenderá dizer em concreto? Estar-se-à a pensar nos direitos e nas garantias dos poderosos e na sua liberdade de disporem, a seu belo prazer, de quem com eles trabalha como se estivessem a lidar com gado?
Que se cuidem os trabalhadores da Câmara de Lisboa
Para terminar faço questão de sublinhar que não me incluo na tribo dos que consideram os políticos ( todos os políticos) um grupo de malfeitores.
Não tenho a menor dúvida que há gente muito digna, coerente, culta, combativa e com grande capacidade de trabalho entre a classe politica, sem esquecer os que desenvolvem a sua actividade na Assembleia da República.
No entanto, permito-me ter reservas sobre o carácter genuinamente democrático desta instituição porque nela impera a lei do rebanho e por lá proliferam arrivistas e inimigos da liberdade. Quando existirem mecanismos que permitam separar o trigo, então poderemos dar mais uns passos na construção duma sociedade democrática.
ZECA AFONSO - A morte saiu à rua
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