Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 17 de julho de 2007

A PROMISCUIDADE E A DINASTIA DE POLITICOS


Neste país, à beira-mar amordaçado, o Poder ( politico e económico) repousa em estruturas anacrónicas povoadas por pessoas ainda prisioneiras dum passado tenebroso e exploradas até ao tutano
Está ainda por demolir o Aparelho Repressivo do Estado Novo.O golpe de Estado de 25 de Abril não foi além disso mesmo!
De resto, sabemos que o aparelho de Estado pode permanecer intacto como o provou as revoluções do século XIX em França e mesmo a revolução de 1917 ou a própria eleição de Allende, mais recentemente
Em nome de um Direito construido pelo fascismo, concede-se "democraticamente" imunidade aos algozes da PIDE. Pós 25 de Abril, muitos deles permaneceram junto do Poder. As grandes figuras do passado ( Melos e companhia) jamais detiveram tamanha força!
A nivel dos Aparelhos Ideológicos o panorama é, obviamente, semelhante. Existem dinastias de homens politicos, dinastias de gestores,etc. A existência de Partidos,nos quais a democracia interna está ausente, também não conduz a lado nenhum.
E se olharmos para os feudos? Os senhores feudais proliferam neste país!
Os seus filhos e dos amigos e dos amigos destes, os concursos criados e/ou sugeridos expressamente para a admissão deste ou daquele, afilhado etc. etc., despertam neles os Senhores que sempre foram
Vive-se há muitos anos um clima de promiscuidade particularmente no chamado Aparelho de Estado e nas empresas públicas
A demagogia, a ausencia de verticalidade, a mistificação grosseira, as promoções, as admissões e as expulsões repousam numa construção de mentira sórdida, nojenta.
Jamais me conformarei com a existência duma corja de arrivistas que humilham e perseguem trabalhadores os quais o único crime que cometeram foi o de não terem nascido com os olhos azuis (ou verdes ou vermelhos).
No quadro duma democracia ( ainda que formal) a sobrevivência duns não obriga à destruição de outros
A caminhada para a destruição dos legítimos interesses dos trabalhadores ainda agora começou.
Na vanguarda, temos a direita na qual se deverão incluir os dirigentes do PS.
A concentração do poder em poucas mãos, conduz inevitavelmente à arbitrariedade, ao compadrio, aos exageros de toda a ordem e à proliferação de tribos.
Os chefes tribais determinam as regras a que estão subordinados os seus súbditos.
A obsessão do Poder divide-nos em duas espécies: os que detêm o poder e os que lhe devem obediência.Sim…ainda há uma terceira categoria: os “apátridas” que vendem a alma ao diabo
As eleições são hoje um autêntico espectáculo circense só explicado à luz do que poderemos designar de patologia do Poder
Hoje realizaram-se eleições para a Câmara de Lisboa. O vencedor, um dirigente socialista é uma pessoa que cultiva a arte de violar os direitos dos trabalhadores
Valerá a pena evocar a sua passagem como líder parlamentar do PS durante a qual fez despedimentos sumários( e selectivos) ignorando os seus direitos: fez tábua rasa dos anos de serviço dos trabalhadores e permitiu-se o luxo de reduzir substancialmente o salário de alguns. Em relação a outros/as utilizou critérios bem diferentes. É a arbitrariedade convertida em lei é a arrogância convertida e fardada de poder
Quando se fala de direitos, liberdades e garantias, o que se pretenderá dizer em concreto? Estar-se-à a pensar nos direitos e nas garantias dos poderosos e na sua liberdade de disporem, a seu belo prazer, de quem com eles trabalha como se estivessem a lidar com gado?
Que se cuidem os trabalhadores da Câmara de Lisboa
Para terminar faço questão de sublinhar que não me incluo na tribo dos que consideram os políticos ( todos os políticos) um grupo de malfeitores.
Não tenho a menor dúvida que há gente muito digna, coerente, culta, combativa e com grande capacidade de trabalho entre a classe politica, sem esquecer os que desenvolvem a sua actividade na Assembleia da República.
No entanto, permito-me ter reservas sobre o carácter genuinamente democrático desta instituição porque nela impera a lei do rebanho e por lá proliferam arrivistas e inimigos da liberdade. Quando existirem mecanismos que permitam separar o trigo, então poderemos dar mais uns passos na construção duma sociedade democrática.

ZECA AFONSO - A morte saiu à rua

Sem comentários: