Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 16 de julho de 2007

TERROR INVISÍVEL: o passado ainda é presente


Gostaria de iniciar esta mensagem recordando Amilcar Cabral: “Não lutamos simplesmente para pôr uma bandeira no nosso país e para ter um hino.Não queremos mais a exploração do nosso país mesmo feita por negros. É para isso que lutamos. Se não o conseguimos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”.
Transposto para a realidade portuguesa, poder-se-à afirmar que os objectivos últimos do 25 de Abril não eram a exploração do nosso país, mesmo feito por anti-fascistas.
Defraudar as expectativas dos trabalhadores, defender a destruição de todos os regimes de Segurança Social em proveito de Fundos de Pensões, dos Bancos e de Companhia de Seguros tem pouco a ver com democracia
Cria-se o desemprego, assumindo uma politica contra os salários e pensões em nome do combate ao défice, demitindo-se da intervenção que ajude este ou aquele sector da economia em obediência cega a politicas neo-liberais. É uma politica avulsa, cega e contrária aos interesses do país e dos trabalhadores.
É preciso reencontrar o verdadeiro sentido da politica social colocando-a no caminho da solidariedade.
Um homem desempregado não é um homem livre. A liberdade pressupõe a oportunidade de conquistar uma vida com o mínimo de dignidade.
Muitos dos procedimentos adoptados por algumas instituições neste país, refém dum passado politicamente tenebroso, é algo preocupante e que nos reporta para períodos históricos mais ou menos longínquos.
A institucionalização da repressão ao nível da linguagem e das próprias relações com o cidadão e com o trabalhador, em particular, é algo que urge combater e desmistificar com coragem.
Qualquer funcionariozeco, qualquer chefezinho duma qualquer instituição assume-se como o Poder.( A arrogância já não é exclusivo de ministro!). É a mediocridade convertida em Poder, é a prepotência e a arrogância a recordar-nos que o passado ainda é presente
Por razões meramente estatísticas, forjam-se razões para se retirar o subsidio de desemprego. Na mente doentia de alguns cidadãos efemeramente instalados no Poder, os trabalhadores são uns malandros e devem ser vigiados permanentemente.
A arbitrariedade é a palavra de ordem. Sobre esta matéria, o signatário está em condições de apresentar exemplos concretos de arrogância e de autoritarismo convertidos numa prática corrente.
No passado, em circunstâncias bem difíceis, muitos de nós não vergaram a espinha ante o Poder autoritário e antidemocrático. Hoje, obviamente que não estamos disponíveis para nos submetermos a decisões arbitrárias, o que equivale a dizer que não nos subordinaremos à Lei da Selva.
A liberdade não é algo fragmentado e fragmentável.Se há igualdade de oportunidades perante as urnas, é legitimo esperar que as mesmas oportunidades sejam concedidas em todos os dominios, nomeadamente no mercado de trabalho.
O circulo vicioso da credibilidade que aprisiona a politica , os politicos (leia-se de Direita, nela incluindo o PS) e certas camadas sociais, mergulha as suas raizes no arrivismo, na impreparação e na ausência de valores éticos e de solidariedade para com os outros cidadãos.
É vulgar dizer-se que Portugal é um país de poetas! Penso que será mais um país onde a arrogância, a mesquinhez, o egoismo e a ausência de valores éticos e de solidariedade social está pegando moda e hoje, infelizmente, não são apenas os politicos de direita os seus agentes e difusores
Muitos deles receberam de bandeja as liberdades democráticas que pretendem hoje recusar aos seus pais e tios.
Vivemos num país mergulhado na mediocridade e na pequenez, num país adiado e mergulhado até às virilhas na corrupção "institucionalizada".
Termino com Mia Couto: " Há um terror invisivel que pode estar alimentando o terrorismo internacional. Esse é o terror da fome, da pobreza, da ignorância, o terrorismo do desespero perante a impossibilidade de mudar a vida"


ZECA AFONSO 20 anos depois


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