Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

ENGORDA DOS BANCOS - 4


Nos Bancos, o marketing funciona melhor que numa feira popular. Oferecem-se telemóveis ,máquinas de café, viagens, cartões de débito e de crédito, produtos financeiros atraentes e todo um conjunto de bens de 1ª geração. Enfim, um mundo de facilidades, susceptível de seduzir os mais prevenidos.
No entanto, a realidade é bem diversa.
Pagam-se taxas para se ter o privilégio de ser titular duma conta ou para se proceder à abertura de um crédito.
Os clientes suportam o que eufemísticamente se designa de encargos bancários. Este palavrão multiplicado por milhares de clientes, garante um indecoroso volume de proveitos. Se ousarmos aceder a um livro de cheques cobram-nos uma pequena fortuna, isto é, para movimentarmos a nossa conta e o nosso dinheiro ( produto do nosso trabalho), os Bancos exigem um pagamento extra.
Os cidadãos comuns se querem adquirir uma habitação, criar um negócio ou fazer qualquer outra operação que o obrigue a contactar os Bancos, esbarra com uma muralha de indiferença e arrogância O seu diálogo com o cliente confunde-se com um concurso televisivo. Pergunta e resposta e um eventual prémio pelo meio. Depois, tecem a teia das exigências. Garantias reais, avalistas, bens penhoráveis, emprego seguro numa altura em que cada vez mais descartáveis se vão tornando os trabalhadores por conta doutrem
Nunca explicam tudo, optam por torturar, sem pressas, o cliente anónimo e incauto que os procurou.
Depois da tortura das caminhadas e telefonemas infindáveis, o Banco “faz-se de difícil” numa verdadeira operação de charme, de sedução!
Depois, se há incumprimento, mesmo que justificado, os clientes são perseguidos até ficarem de tanga.
Desenvolvem-se verdadeiras campanhas de perseguição a roçar o assédio moral. Vale tudo recheado de ameaças mais ou menos veladas.
A pressão exercida ao cliente pode provocar danos irreversíveis. Que se conste, infelizmente, ainda nenhum cliente optou por reagir e colocar os Bancos em maus lençóis. Desde logo, criar-se uma Central que forneça dados sobre os Bancos em oposição ao sistema superprotector das instituições financeiras. Quem responde pela arbitrariedade dos Bancos? Não é seguramente o Banco de Portugal nem a Associação de Bancos
Há ainda o caso das contas ordenado. Oferecem-se máquinas de café, no BPI, por exemplo, para atrair e aliciar os clientes. Durante anos esta conta poderá manter-se a descoberto, sendo saldada quando do crédito do salário. Abrupta e arbitrariamente, o Banco, continuamos a falar do BPI, decide desactivar a conta. O cliente, por hipótese contraiu um empréstimo . Apesar desta verdadeira eutanásia financeira, o Banco, exige que o cliente liquide mensalmente as prestações do empréstimo apesar da conta por si deliberadamente bloqueada
Que fazer perante este atitude?
O cliente sente-se enganado, chantageado e vítima de má-fé. Impotente, sobretudo impotente, porque os bancos não são habitados por sentimentalismos ou por pieguices de solidariedade. O seu negócio e a sua preocupação dominante é multiplicar o dinheiro e consolidar as velhas alianças que lhe garantam protecção e imunidade.
A este propósito, recordo o Estudo de António Martins em “História de Portugal” dirigida por José Matoso:
“A compra do Fonsecas e Burnay pelo BPI é uma das muitas “estórias exemplares” de como o Estado, os partidos do poder e seus dignitários se “ajeitam” aos interesses da oligarquia financeira e como a teia de interesses entre as instituições e os privados está acima do interesse colectivo”
Enfim, os bancos são o paradigma acabado de instituições parasitárias e tentaculares. Não criam riqueza, vivem da especulação e de benefícios fiscais escandalosos. São de facto, um Estado dentro dum Estado!
E os lucros? Os cinco maiores bancos a operar em Portugal obtiveram lucros de 2.204,8 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, mais 13% que em igual período de 2006.Ou seja, lucraram cerca de 8 milhões de euros por dia, em grande parte devido ao aumento das comissões cobradas aos clientes. Recorde outras postagens aqui, aqui e aqui

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