Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A GARANTIA DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS


Se clickar na imagem, tem acesso à notícia. Mais uma para proteger o capital financeiro!

Ocorre-me perguntar: se cada vez mais instituições privadas necessitam dos fundos dos contribuintes para sobreviver, por que não podem os trabalhadores exigir, em compensação,que se crie um Fundo de Protecção Salarial isto é,disponibilizar aos trabalhadores desempregados um mecanismo compensatório da perda da sua retribuição, que lhes permita fazer face aos encargos comuns a qualquer pessoa ou agregado familiar (alimentação, saúde, habitação e educação), bem como aos compromissos asumidos (aquisição de casa, por exemplo)

A jornalista e escritora canadiana Naomi Klein recorda-nos:

"As dívidas enormes acumuladas pelos bens públicos para salvar os especuladores se tornarão então parte de uma crise do orçamento global que será a justificação para cortes profundos em programas sociais e para um impulso renovado na privatização do que restar do sector público".

Frei Betto, por seu turno, escreve:

Repete-se, contudo, a velha receita: após privatizar os ganhos, o sistema socializa os prejuízos. Desmorona a cantilena do "menos Estado e mais iniciativa privada".

5 comentários:

Paula Crespo disse...

Várias questões: em primeiro lugar, a criação de um fundo para assistência aos desempregados. Bom, de certa forma isso já existe, através do subsídio de desemprego. Agora o que se pode dizer é que este subsídio não é suficiente e tem um período limitado, tanto quanto julgo saber, e é verdade. O mecanismo existe mas é curto...
Segunda questão: o financiamento do Estado através das injecções de grandes somas de dinheiro no mercado. É injusto, sim, porque estamos todos a financiar a má gestão e, ao mesmo tempo, parece que estamos a alimentar o monstro que é o prórpio mercado. Mas, por outro lado, se não se fizesse isso neste momento, parece que as consequências iriam atingir-nos de forma ainda mais gravosa. Um pau de dois bicos, certamente, em que nenhuma das soluções é perfeita.
Isto só vem provar que confiar cegamente no mercado é demasiado perigoso e que, afinal, quando há fogo o bombeiro é sempre o Estado...

AGRY disse...

O Fundo de Protecção salarial é apenas um exemplo. Pode até nem ter sido o mais feliz. Mas o que verdadeiramente está aqui em causa, é desmistificar a sua sacrilização.
Nacionalizam-se as dívidas para devolver a confiança ao mercado e garantir que ele continue a funcionar. Os activos tóxicos e o capital especulativo regressarão aos seus melhores dias, pensam os defensores do neoliberalismo.
Como se refere na postagem, este volume de dívidas será a justificação para cortes profundos em programas sociais e para um impulso renovado na privatização do que restar do sector público.
Entretanto, falar de nacionalizações deixou de ter um carácter ofensivo. Os sectores estratégicos da economia deveriam, porventura, ser controlados pelo Estado. E a banca?
A apologética do mercado, por um lado, e a estigmatização das nacionalicações são duas faces da mesma moeda mas que ciclicamente abandona-se a ideologia para se salvarem os especuladores

Paula Crespo disse...

Mas tem toda a razão e eu não pretendi dizer o contrário. Nem vou fazer de advogada do Diabo... Simplesmente, ultrapassada a discussão teórica em que concordo inteiramente com os pressupostos, subsiste, no entanto, a dúvida sobre que atitude se deve tomar, no concreto, aqui e agora, face a uma situação de crise como esta. Não fazer nada e esperar que tudo rebente, só porque é bem feito e eles merecem? Pois merecem. Mas, e os povos, será que também merecem?...
A única solução, parece-me, que eu não percebo nada disto, é tentar solucionar o mal e, de futuro, tomar medidas de fundo que evitem este tipo de situações...
Bjs

AGRY disse...

Olá Paula
Este seu comentário deixou-me sem jeito, embaraçou-me. Acontece que não tive qualquer intenção de ser deselegante ou polemizar (permita-me brasileirar) consigo.
O comentário aconteceu com toda a naturalidade.
A solução irá ser procurada por quem criou e criará, no futuro,
novas crises. Os outros não dispõem de meios para além, por enquanto, da luta ideológica. A América latina está neste momento próxima de mandar o FMI às malvas.
Bjs

Paula Crespo disse...

Agry,
Só para terminar: não vejo qualquer problema em polemizar, como diz. Apenas respondi ao seu comentário porque me pareceu que não estava bem claro o que eu pretendi dizer. Só isso :):)
Uma das coisas boas em comentar é precisamente permitir o diálogo e a troca de opiniões.
Bjs