Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 31 de julho de 2008

EVO MORALES E AS NEGOCIAÇÕES DA OMC

O Presidente da Bolívia, Evo Morales, denuncia a postura dos países desenvolvidos e do presidente da Organização Mundial de Comércio, Pascal Lamy, na recente Ronda de negociações da OMC, e apresenta uma série de medidas que podem levar a um mais justo comércio mundial, que tenha em conta a realidade e o futuro do mundo e da humanidade. Pode lê-lo aqui

NÃO EXISTE TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL?

Mentiras mais contadas sobre o Trabalho Escravo no Brasil” é um trabalho da ONG Repórter Brasil a pedido da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo.
Pegue-se o touro pela cabeça ou, melhor dizendo, pelos cornos.

Não existe trabalho escravo no Brasil? Infelizmente, existe. A assinatura da Lei Áurea, em 1888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra, colocando fim à possibilidade de se possuir legalmente um escravo. No entanto, persistem situações que mantêm o trabalhador sem possibilidade de se desligar dos seus patrões.
Há fazendeiros que, para derrubar matas nativas para formação de pastos, produzir carvão para a indústria siderúrgica, preparar o solo para plantio de sementes, entre outras actividades agropecuárias e extractivistas, contratam mão-de-obra utilizando os famigerados “gatos”. Eles aliciam os trabalhadores, servindo de fachada para que os fazendeiros não sejam responsabilizados pelo crime.
Esses gatos recrutam trabalhadores em regiões distantes do local da prestação de serviços ou em pensões localizadas nas cidades próximas. Na primeira abordagem, eles se mostram pessoas extremamente agradáveis, portadores de excelentes oportunidades de trabalho. Oferecem serviço em fazendas, com salário alto e garantido, boas condições de alojamento e comida farta. Para seduzir o trabalhador, oferecem “adiantamentos” para a família e garantia de transporte gratuito até o local do trabalho.
O transporte é realizado por autocarros em péssimas condições de conservação ou por camiões improvisados sem qualquer segurança. Ao chegarem ao local do trabalho, eles são surpreendidos com situações completamente diferente das prometidas. Para começar, o gato os informa que já estão em dívida: O adiantamento, o transporte e as despesas com alimentação na viagem já foram anotados no caderno de dívida do trabalhador que ficará na posse do gato. Além disso, o trabalhador percebe que o custo de todos os instrumentos que precisar para o trabalho – foices, facões, motosserras, entre outros – também serão anotados no caderno de dívidas, bem como botas, luvas, chapéus e roupas. Finalmente, despesas com os emporcalhados e improvisados alojamentos e com a precária alimentação serão anotados, tudo a preço muito acima dos praticados no comércio.
Convém lembrar que as fazendas estão incrivelmente distantes dos locais de comércio mais próximos, sendo impossível ao trabalhador não se submeter totalmente a esse sistema de “barracão”, imposto pelo gato às ordens do fazendeiro ou, directamente, pelo fazendeiro.
Se o trabalhador pensar em ir embora, será impedido sob a alegação de que está endividado e de que não poderá sair enquanto não pagar o que deve. Muitas vezes, aqueles que reclamam das condições ou tentam fugir são vítimas de agressões e de espancamentos. No limite, podem perder a vida. Este é o escravo contemporâneo, vítima do crime previsto no artigo 149 do Código Penal, submetido a condições desumanas e subtraído de sua liberdade. Confira aqui

quarta-feira, 30 de julho de 2008

CRÍTICAS DE MILITANTES A JOSÉ SÓCRATES


Uma carta aberta foi publicada na última edição do Jornal do Centro, assinada por Joaquim Sarmento, Jorge Silva, João Botelho, Paula Rodrigues e Júlio Barbosa, militantes de base que contam assistir «angustiados ao triunfo crescente do neoliberalismo no interior do partido». Nela «apoiantes de Manuel Alegre» acusam José Sócrates de não promover a discussão interna.
«No PS, onde nada se debate, cada vez mais reduzido à participação dos que ocupam cargos políticos, há uma claustrofobia asfixiante. (…) É triste assistirmos ao silêncio cúmplice e em muitos casos de consonância com o 'status quo' de importantes personalidades socialistas cuja opinião é avalizada pelos cidadãos», pode ler-se no documento.
Os militantes socialistas criticam que as políticas sociais «vão sendo subordinadas à lógica do mais puro economicismo, destruindo o Serviço Nacional de Saúde, subvertendo o ideário da escola humanista e pública, desvalorizando o papel do professor e da formação cultural do aluno» e que a justiça esteja «um verdadeiro lodaçal, sendo uma trincheira dos que têm mais posses e mais meios, em detrimento das classes mais desfavorecidas».
Lembram que Portugal é «o país da Europa com a maior desigualdade na distribuição da sua riqueza», onde «mais de dois milhões de portugueses vivem no limiar da pobreza», atribuindo a esta situação «uma grande responsabilidade do actual Governo, cujas reformas, na óptica da obsessão da redução do défice, têm penalizado primordialmente os mais pobres e carenciados
».

terça-feira, 29 de julho de 2008

AS PREOCUPAÇÕES DO PAULINHO




O animador de mercados e feiras, o demagogo, o populista,o ex-eurocéptico que dá pelo nome de Paulo Portas, fez há dias, no seu melhor estilo, mais uma das suas afirmações de feirante frustrado: “metade do País trabalha para que a outra metade receba subsídios”. Os populares (?) pretendem que seja feita uma investigação aprofundada à forma como os portugueses estão a usufruir desta ajuda do Estado. O CDS-PP vai pedir na reabertura do Parlamento uma investigação rigorosa à distribuição do rendimento social de inserção.
Gostaria de recordar umas coisas, coisa pouca, que reduz a nada as aspirações elitistas e populistas duma direita imobilista, dogmática, salazarenta e ultrapassada:

A pobreza atinge cada vez mais os deficientes, muitos dos quais a viverem com apenas seis euros por dia, e as oportunidades de trabalho escasseiam para este sector da população, "os primeiros a serem despedidos"
As políticas económicas e sociais dos últimos anos traduziram-se num forte aumento das desigualdades, na degradação dos salários reais. O aumento do fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres.
A privatização da saúde é desastrosa para os interesses de Portugal e dos portugueses. Coloca-se a saúde ao serviço dos interesses dos grandes grupos económicos, que esperam aumentar os seus lucros à custa da saúde dos portugueses.
A revisão do código laboral, é facilitadora dos despedimentos, da desregulação dos horários de trabalho, do aumento da precariedade e da caducidade das contratações colectivas.
Entre 2004 e 2006, os lucros da banca não sujeitos a impostos aumentaram de 919 milhões de euros para 1.488 milhões de euros, ou seja registaram um crescimento de 62%.A taxa legal de imposto que a banca devia pagar era de 27,5% (25% de IRC + 2,5% de derrama). No entanto a taxa efectiva média de imposto paga pela banca no período 2004-2006 foi apenas de 15,3% (em 2006 atingiu 17,6%).

segunda-feira, 28 de julho de 2008

ACTIONAID: UM MUNDO SEM POBREZA


A Actionaid é uma organização não governamental que actua há mais de 30 anos
É uma parceria única de pessoas e organizações há 35 anos trabalhando para um mundo sem pobreza.
Sediada no Rio de Janeiro, participa em projectos de desenvolvimento local no Sudeste, Norte e Nordeste através de parcerias com ONGs e movimentos sociais.
Paralelamente, participa de campanhas nacionais e internacionais que têm como objectivo a defesa do direito de acesso e controle das pessoas pobres a políticas públicas em temas fundamentais.
O direito à segurança alimentar é um dos seus eixos prioritários. Em 2005, as iniciativas desenvolvidas pela ActionAid e seus parceiros alcançaram cerca de 13 milhões de pessoas em quase 50 países, incluindo o Brasil. Confira aqui

domingo, 27 de julho de 2008

JERÓNIMO DE SOUSA APELA A UMA POLITICA ALTERNATIVA


No domingo, no comício de encerramento da Festa da Alegria, Jerónimo de Sousa propôs uma ruptura com a política de direita e apelou a todas as forças políticas e sociais, aos democratas preocupados com o rumo do País, para que se faça uma convergência no sentido de se exigir uma política alternativa, virada para o crescimento económico, para a defesa do aparelho produtivo e da produção nacional, para a valorização do trabalho, dos direitos, dos salários, para a defesa dos serviços públicos, na afirmação de um Portugal soberano onde sejam os portugueses a decidir o seu futuro colectivo. Confira aqui e veja o video aqui

sábado, 26 de julho de 2008

DOHA É CONVERSA PARA BOI DORMIR


Não chegar a um acordo é melhor que um acordo ruim, diz Action Aid
A longo prazo, o acordo de Doha irá falhar ao resolver a crise mundial de alimentos porque a liberalização falha ao ajudar os países em desenvolvimento construir sua agricultura, avalia a organização que luta pela erradicação da pobreza no mundo. Em curto prazo, vai criar novos problemas como a perda de receita tarifária e aumento de desemprego. “O número de pessoas com fome subiu para 950 milhões esse ano e o acordo da OMC, da forma como está estabelecido, irá somente colocar mais lenha nessa fogueira”, diz Aftab Khan coordenador da Campanha Comércio com Justiça da ActionAid.
Duas décadas de liberalização de comércio minaram e ajudaram a desmantelar os sistemas de produção local de alimentos nos países pobres. Nos anos 60, os países pobres tinham um excedente agrícola de US$7 bilhões. Em 2001, tinham um deficit de US$11 bilhões
A actual proposta de Doha distorce o mercado a favor dos países desenvolvidos. De acordo com o rascunho do texto de Julho, o mais recente, a maioria dos países em desenvolvimento teriam que cortar em média 60% em tarifas de produtos do sector industrial enquanto que os países desenvolvidos teriam que reduzir suas tarifas em menos de 30% em média.
Estimativas falam que China, Brasil e Índia juntos perderiam mais de 100.000 empregos só na indústria automobilística. A UNCTAD prevê que os países pobres perderão 63 bilhões de dólares em receita governamental vindas de encargos de importação mais baixos sobre bens manufacturados por causa do acordo da OMC.
A longo prazo, o acordo de Doha irá falhar ao resolver a crise mundial de alimentos porque a liberalização falha ao ajudar aos países em desenvolvimento construir sua agricultura. Em curto prazo, vai criar novos problemas como a perda de receita tarifária e aumento de desemprego. Assim, defende a ActionAid, a afirmação do diretor-geral da OMC, Pascal Lamy de que a Rodada de Doha irá resolver a crise de alimentos é conversa para boi dormir. Confira aqui

sexta-feira, 25 de julho de 2008

LIBERDADE DE CIRCULAÇÃO



A ideia de uma comunidade de cidadãos com direitos iguais no espaço CPLP, a prazo, pode ser uma realidade, mas isso demora muito tempo", disse Luís Amado, novo presidente do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa!
Entretanto, na Cimeira da CPLP o ex-presidente brasileiro Itamar Franco pediu uma condenação unânime à política de imigração da UE, nomeadamente à directiva do retorno que vem facilitar a expulsão e detenção prolongada de imigrantes. O governo português, pela voz do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, garantiu que Portugal vai opor-se a qualquer resolução nesse sentido.
Estamos assim perante um paradigma de total consonância entre a voz do dono e o seu eco isto é,Luis Amado, ministro dos negócios estrangeiros, por um lado e João Gomes Cravinho, por outro.
IMAGEM DAQUI

TENTATIVA DE EXTORSÃO DOS CONSUMIDORES DE ELECTRICIDADE


Recentemente, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) decidiu que os custos com as dívidas incobráveis da electricidade, deveriam ser pagos por todos os consumidores, por via da factura mensal da luz. A ERSE recuou na proposta de reflectir estes custos nas tarifas de electricidade, cedendo, assim, às críticas dos consumidores!
Verdadeiramente indecorosa esta proposta de extorsão dos consumidores, de electricidade. As facturas incobráveis são um problema da EDP e dos seus devedores. Por alma de quem o consumidor deveria ser penalizado por dívidas de terceiros? Ou será que este raciocínio seria extensivo à fase de distribuição de dividendos?
Esta tentativa abjecta de saquear os cidadãos, à luz do dia, nada fica a dever à cobrança do pizzo, o imposto cobrado pela Máfia siciliana.
Por muito menos, um cidadão anónimo já teria sido julgado, condenado e encaminhado para uma cadeia de alta segurança.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

OS ESPECTÁCULOS DA FESTA DO AVANTE


Em conferência de imprensa de apresentação do programa da Festa do "Avante!" 2008, Ruben Carvalho afirmou que esta oferecerá aos seus visitantes um vasto, rico e diversificado programa de espectáculos com a tradicional qualidade e transversalidade, que decorrerão nos vários Palcos da Festa, dos quais destacamos, para além da presença da música portuguesa e das presenças estrangeiras, a Grande Gala de Ópera que abrirá o Palco 25 de Abril na noite de sexta-feira. A Festa continua,assim, a assegurar a qualidade e a transversalidade que são uma marca que fazem dela o evento cultural de massas único que é há mais de três décadas. Confira aqui e aqui

IMAGEM:Filho do aclamado músico maliano Ali Farka Touré, Vieux herdou o virtuosismo e a sensibilidade na recolha, composição e interpretação dos sons profundos de África e do seu povo.
Em 1999, Vieux Farka Touré começa a trilhar o seu percurso inscrevendo-se no Instituto Nacional de Artes na capital do Mali, Bamako, onde conheceu Eric Herman, músico e produtor norte-americano com quem, em 2005, trabalhou no seu álbum de estreia sob a chancela da Modiba Productions.
Antes, porém, Vieux Farka Touré teceu o seu caminho introduzindo ao tradicional desert blues do Norte do Mali revigoradas sonoridades, acompanhando Toumani Diabaté, mestre da kora, em espectáculos realizados em França e África do Sul

À MESA DO G8 ESTAVA A CRISE ALIMENTAR (24 PRATOS)



Em cima da mesa do G8, ao jantar, alguém decidiu (provavelmente um manipulador gauchiste) servir 24 pratos aos mais ricos do mundo.A ementa, que entretanto foi divulgada por diversas agências internacionais era composta por 24 pratos, incluindo algumas iguarias raras e caras, confeccionadas por 25 chefs japoneses e estrangeiros, entre os quais alguns galardoados com as afamadas três estrelas do Guia Michelin. Tudo isto custou 300 euros por pessoa.
Trufas pretas, caranguejos gigantes, bolbos de lírio de Inverno, uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, entradas de milho recheado com caviar e salmão fumado, foram apenas algumas das iguarias do jantar que, para não destoar, foi regado com cinco vinhos diferentes, alguns igualmente caros.Confira aqui

Os ricos jantam, claro. O facto de, despudoradamente, o fazerem ao estilo da orgia do império romano diz muito mais sobre os riscos, humanitários e políticos, da crise alimentar do que qualquer outro símbolo dos tempos recentes. O jantar do G8 é o retrato de um mundo bipolar, onde pontifica a Europa a cujas costas chegam todas as semanas cadáveres de imigrantes ilegais, a Europa de Berlusconi que anda a "fichar" ciganos - num miserável censo de que a União Europeia não se tem demarcado o suficiente. O senhor Maroni, o ministro do Interior de Berlusconi, é tão bom como Jorg Haider, mas mais bem tratado pelos líderes europeus. "Se não têm pão, dêem-lhes brioches" é uma frase do século XVIII e não acabou bem.Confira aqui

O IMPÉRIO DO CONSUMO


O direito ao desperdício, privilégio de poucos, afirma ser a liberdade de todos.
Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente.
Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insónia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar.
Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.
O consumidor exemplar desce do carro só para trabalhar e para assistir televisão. Sentado na frente do écrãn, passa quatro horas por dia devorando comida plástica.
A cultura do consumo, cultura do efémero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada ao serviço da necessidade de vender.
Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável:
Estamos todos obrigados a acreditar na historinha de que Deus vendeu o planeta para umas poucas empresas porque, estando de mau humor, decidiu privatizar o universo?
A injustiça social não é um erro por corrigir, nem um defeito por superar: é uma necessidade essencial. Não existe natureza capaz de alimentar um shopping center do tamanho do planeta.Confira aqui

quarta-feira, 23 de julho de 2008

DEMOCRATIZAÇÃO


Palavras para quê?

AS DUAS FACES DO GUETO


Em ”As duas faces do gueto”, o sociólogo Loïc Wacquant analisa o aparecimento de um novo regime de marginalidade urbana nas sociedades ocidentais. A partir da implantação da agenda neoliberal, passa-se de uma fase de investimento em políticas de bem-estar social para políticas de penalização da pobreza.
Com rico material de campo, o autor conduz o leitor ao gueto norte-americano, dissecando a estrutura do que chama de “cidade negra dentro da branca”. Não só descreve o espaço de segregação racial como também elabora um conceito relacional de gueto: “instrumento institucional composto de quatro elementos – estigma, restrição, confinamento espacial e enclausuramento organizacional”. Por um lado, o gueto perpetua a exclusão e a exploração económica e, por outro, garante certa protecção ao permitir alternativas de organização e autonomia cultural – daí suas duas faces.
Wacquant critica o aumento generalizado das populações carcerárias, cujo controle se torna cada vez mais custoso. Diz: o sistema penal se tornou uma forma de conter as mazelas sociais que decorrem da ausência de políticas sociais. Segundo ele, as prisões “se transformaram em aterro sanitário para dejectos humanos de uma sociedade cada vez mais directamente subjugada pelos ditames materiais do mercado e da compulsão moral da responsabilidade pessoal”.
As duas faces do gueto, primeira obra de Loïc Wacquant publicada pela Boitempo, é fundamental para aqueles que pretendem entender o que está por trás de fenómenos comuns a todas as metrópoles mundiais: segregação da pobreza, aumento da violência e incapacidade de resolver a questão com medidas puramente repressivas. Uma reflexão extremamente necessária para desenvolver o pensamento crítico em tempos de aprofundamento de desigualdades.Confira aqui

terça-feira, 22 de julho de 2008

SOLDADO ISRAELITA DISPARA SOBRE PALESTINIANO ALGEMADO

Um soldado israelita dispara um tiro de bala de borracha sobre um palestiniano preso, algemado e de olhos vendados. A denúncia é da Be'Tselem, uma organização israelita de direitos humanos.




PELOS DIREITOS DO TRABALHO, PELA DEMOCRACIA


Se aprovadas, as propostas de revisão do Código do Trabalho apresentadas pelo Governo PS representariam um enorme retrocesso social e um novo e grave empobrecimento da já seriamente debilitada democracia portuguesa. Assine a petição on line contra esta "modernização" que pretende fazer o capitalismo retroceder ao século XIX. Confira e assine aqui

UM MILHÃO DE "TERRORISTAS"


Já vai em um milhão de nomes a lista de nomes de terroristas a serem observados no império bushiano. A lista inclui membros do Congresso, freiras, heróis de guerra e outros com "carácter suspeito". Nos aeroportos e em outros lugares as pessoas na lista são retidas, interrogadas e vexadas.Confira aqui

segunda-feira, 21 de julho de 2008

domingo, 20 de julho de 2008

MAIS BICICLETAS - POUCO DESENVOLVIMENTO


"Há mais Bicicletas - mas há desenvolvimento?", é o título do livro lançado esta semana em Maputo de Joseph Aanlon e Teresa Smart, ambos professores e de nacionalidade britânica.
Os autores são contundentes particularmente em relação à Saúde e à Educação, afirmando que Moçambique "não vai chegar aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio". A fraca qualidade dos professores, o desequilíbrio no rácio professor/aluno e no acesso ao ensino entre rapazes e raparigas, bem como o ritmo lento na construção das infra-estruturas de educação, são as principais causas apontadas para este insucesso.
No sector da Educação, o Banco Mundial não escapa às criticas destes autores,, que o acusam de incongruências perturbadoras do normal desenvolvimento do sector.
Na Saúde, acusam as autoridades de lentidão no combate à propagação da SIDA Estima-se que 17 por cento dos moçambicanos em idades situadas entre os 15 e os 49 são HIV positivos; morrem 140 mil pessoas por ano de SIDA.
Os autores apontam o dedo à elite burguesmente instalada no Maputo acusando-a de recusa na partilha de poder sobre politicas e recursos
Joseph Hanlon e Teresa Smart admitem que, tem havido mudanças , depois da guerra: há mais bicicletas. Há mais crianças na escola. A descentralização trouxe uma mudança genuína nas relações de poder".
IMAGEM DO BLOG DIGITAL NO ÍNDICO

sábado, 19 de julho de 2008

COLÔMBIA: MAIS UM SINDICALISTA ASSASSINADO


Guillermo Fuquene era o presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos de Bogotá quando desapareceu em Abril sem deixar rasto. Esta semana foi descoberto o seu cadáver, que tinha sido sepultado dias depois do rapto. O movimento sindical internacional aponta responsabilidades ao regime de Uribe na repressão aos movimentos de trabalhadores na Colômbia, que já fez 27 mortos desde o início de 2008. Confira aqui
Apostila: O aparato, a propaganda, a mistificação grosseira, e manipuladora da opinião pública, provoca uma espécie de histerismo, e de delírio colectivo, obedecendo a rituais que apelam a tumultos do foro emocional.
A demagogia, o populismo e as inverdades que ambos encerram, completam este cenário de adesão primária a iniciativas forjadas pelos defensores da mentira e pelo culto de ideologias retrógradas .
Prefere-se o apelo emocional ao debate sereno e objectivo. No império da mentira o problema da violência fica reduzido às acções provocadas e executadas por grupos extremistas, sobretudo da esquerda.
A questão dos esquadrões da morte e dos sindicatos do crime, enquanto braços armados da extrema direita, é omissa nos midia defensores e servidores do status quo

sexta-feira, 18 de julho de 2008

NELSON MANDELA FESTEJA OS 90 ANOS NA TERRA ONDE NASCEU

O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, referência mundial na luta contra o racismo, comemora seus 90 anos em seu terra natal, Qunu. Após ter passado 27 anos na prisão durante o regime do Apartheid, Mandela converteu-se em símbolo da paz e da democracia no início dos anos 90. Quando assumiu o governo da África do Sul em 1994, Mandela disse que o país "deve ser um arco-íris em paz com si mesmo e com o mundo". Ainda que desaprove muitas das medidas tomadas pelo atual governo da África do Sul, Mandela evita polemizar com o atual presidente, Thabo Mbeki, ou expressar sua postura em relação às políticas nacionais do país.Após a comemoração somente para pessoas íntimas em Qunu, Mandela terá no próximo sábado uma recepção à qual comparecerão diversas autoridades, incluindo o actual presidente sul-africano. Confira aqui

ÁFRICA NÃO MERECE MELHOR QUE ISTO?

"Delicie-se" com as declarações brilhantes do Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade :

"Eu precisei comunicar ao presidente Bashir e aos meus outros colegas africanos o aviso do presidente Bush sobre a possibilidade de os EUA ignorarem o Conselho de Segurança (da Organização das Nações Unidas, ONU) e enviarem soldados a Darfur caso não façamos nada para acabar com aquela tragédia", afirmou Wade, em um comunicado divulgado em Dacar.
"Eu e meus colegas africanos tentamos dissuadi-lo de fazer isso e tentamos convencê-lo a nos permitir tentar resolver esse problema entre os africanos", acrescentou. Confira aqui
Comentário: Ante esta subserviência canina, que deverei eu dizer?

SEXO DOS ANJOS: DISCUSSÃO JURÍDICA

quinta-feira, 17 de julho de 2008

"É PRECISO AVISAR TODA A GENTE - JOÃO APOLINÁRIO


A prática cultural, nunca partidária, de João Apolinário, na poesia, no teatro, no jornalismo, especialmente na crítica e na reportagem; a acutilância de suas ideias antifascistas e não colonialistas, mais acções de real protecção a quem delas necessitasse, resultaram em prisões e torturas
Publicou Morse de Sangue, livro memorizado numa cela subterrânea do tenebroso Forte de Peniche, durante cinco dias e cinco noites.
Ser poeta, não poeta bissexto, como dizia, não chegou a se-lo. A morte surpreendeu-o a 22 de Outubro de 1988, justamente quando havia reencontrado, na vila de Marvão, o silêncio e o tempo “para ver mudar a cor das flores”.
(in Jornal de Poesia)

É preciso avisar toda a gente/dar notícias informar prevenir/que por cada flor estrangulada/há milhões de sementes a florir.
É preciso avisar toda a gente/segredar a palavra e a senha/engrossando a verdade corrente/duma força que nada detenha.
É preciso avisar toda a gente/que há fogo no meio da floresta/e que os mortos apontam em frente/o caminho da esperança que resta.
É preciso avisar toda a gente/transmitindo este morse de dores./É preciso imperioso e urgente/mais flores mais flores mais flores

quarta-feira, 16 de julho de 2008

BUSH E OMAR AL-BASHIR, VENHA O DIABO E ESCOLHA




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O procurador do Tribunal Penal Internacional vai solicitar um mandado de captura internacional contra o Presidente sudanês, Omar al-Bashir, que deverá ser acusado em breve de crimes contra a humanidade e genocídio pelo seu envolvimento no conflito em Darfur, revelou o Departamento Estado norte-americano!
É curioso, muito curioso, que Um Estado que não reconhece o Tribunal Internacional se permita assumir uma postura de moralista e de campeão da defesa dos povos e exalte as iniciativas do Procurador! É indecoroso, é abjecto, este tipo de posições, sobretudo partindo de países que nunca reconheceram legitimidade no CPI
Para o CPI como , aliás, para as instituições que lhe deram origem, o critério que preside nas suas decisões, nomeadamente na emissão de mandatos de captura repousa em opções de carácter eminentemente politico e obedecem às exigências dos mais fortes.
Países como EUA, China, Zimbábue e Sudão preferiram ficar de fora da jurisdição da CPI! Sobre isto o que diz o CPI?
Sylvia Steiner, juíza da Corte Penal Internacional, afirma que países que ficaram de fora de CPI ainda avaliam actuação do Tribunal Internacional para decidir se aceitam sua jurisdição!
Entretanto, O procurador do Tribunal Penal Internacional vai, como referi, solicitar um mandado de captura internacional contra o Presidente sudanês, Omar al-Bashir.
Por seu turno, O líder da banda Rage Against the Machine apelidou Bush de criminoso de guerra, e deverá, nessa qualidade, ser julgado, noticia o site Female First. Em que ficamos?

terça-feira, 15 de julho de 2008

ANIVERSÁRIO DO NAVEGADOR SOLIDÁRIO

Este blog completou, há dias, um ano de vida. Para mim, foi uma experiência simpática: a descoberta de um espaço de liberdade , de tolerância e dos seus contrários. Consegui sobreviver sem cedências.
Neste período, cruzei-me com muita gente interessante. Gente que soube resistir à colonização mental que a todos persegue. Gente independente, de grande talento e despretensiosa .
Depois, descobri que um cidadão não é um mero consumidor passivo de informação distribuída pelos grandes grupos detentores dos auto-intitulados órgãos de informação de referência. Neste meio, o cidadão pode converter-se num produtor interventivo de informação. Pode reproduzir grandes problemas sociais e apelar à sua reflexão e denúncia.
Pode, e deve, desmistificar os poderosos grupos económicos que amordaçam a noticia, estrangulam a liberdade de expressão e lançam o leitor para os braços da desinformação anestesiante.
Apesar de tudo, temos que nos manter despertos e atentos. O espírito repressivo já produziu os primeiros ensaios na Net.
Recentemente, foi encerrado um Blog português, por decisão judicial. Também em Espanha um tribunal condenou um blog, esta semana.
Os inimigos da liberdade resistem, sempre resistiram à mudança. Os ingénuos também.
Estes são uma espécie de adubo que possibilita a proliferação das ervas daninhas.
Mas a Net não se esgota nos blogues, não será?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

EM CONVERSA COM A AUTORA DO BLOG "UMA-ESPÉCIE-DE-MIM"

Em Novembro do ano passado publiquei umas entrevistas dirigidas a bloggers situados no mundo que fala português e comprometidos na divulgação da história da cultura e das aspirações dos respectivos povos.
Ocorreu-me agora regressar ao tema mas, desta feita, solicitar entrevistas a bloggers, no feminino, e que integram a minha lista de elos.
Deste modo, durante semanas, tive o privilégio de entrevistar algumas das bloggers mais simpáticas que habitam a blogosfera. Para mim, foi uma experiência muito gratificante, indelével e enriquecedora. Queria agradecer a todas as minhas convidadas a forma carinhosa com que aceitaram o meu convite e desejar-lhes tudo de bom
Paula Crespo é a minha entrevistada de hoje. lisboeta, bibliotecária, desenvolve, neste momento, a sua actividade na área editorial de um organismo público. É autora dum excelente Blog : Uma-Espécie-de-Mim,que recomendo vivamente. A sua autora é uma mulher encantadora, discreta e perspicaz
Vamos à entrevista?
1 . Como interpreta a disseminação e o interesse crescentes pelo fenómeno blogue?
É fácil, é barato e dá milhões! , para citar o famoso slogan publicitário (risos). Bom, milhões não dará - pelo menos para muitos -, mas os dois primeiros aspectos contidos neste slogan verificam-se, de facto. A facilidade e a gratuitidade com que se pode criar um blogue são factores relevantes. Mas o principal motivo, penso eu, está na possibilidade de podermos exprimir as nossas opiniões livremente, de serem espaços de criatividade e, para além disso, de possibilitarem a interacção. Funcionam como redes sociais, ao contrário de um artigo publicado num jornal ou revista, em que o feed back do público ou não chega ou chega de forma muito indirecta.

2. A presença do sexo forte (leia-se, das mulheres) também, aqui ,tem sabido afirmar-se e conquistar o seu espaço?
Penso que sim, na medida em que há muitos blogues de mulheres - o que é natural, já que as mulheres têm uma participação cada vez mais activa na sociedade. Os blogues de política ou outros assuntos mais da esfera pública continuam a ser maioritariamente dominados por homens - tanto quanto me apercebo, claro. Por outro lado, existem também muitos blogues de poesia, por exemplo, geridos por homens. A questão será talvez se há muitos blogues no feminino. E esse é que deve ser o cerne da questão: fragmentar os interesses em feminino e masculino, afectando-os a mulheres e homens, respectivamente, é contraditório com uma sociedade que se deseja cada vez mais igualitária e inclusiva. O que hoje em dia interessa às mulheres não deve ser só aquilo a que tradicionalmente se afecta como sendo da esfera do feminino.

3. Quando navega na blogosfera fá-lo, à vista, ou prefere rumar para um destino já conhecido?
Gosto de descobrir novos blogues e explorar blogues de vários tipos e várias tendências. O pior é que nem sempre há disponibilidade de tempo... Por isso, estas minhas incursões blogosféricas não são tão frequentes quanto eu gostaria. Mas há um grupo de pessoas que escrevem na rede e que eu visito com regularidade.

4 - Quais as motivações que a conduziram à criação de um blogue?
A principal motivação foi a possibilidade de poder escrever e publicar, ou seja, não guardar só para mim própria as minhas reflexões sobre os assuntos que me despertam interesse. E o blogue é a plataforma mais simples e eficaz para poder fazer isso. Não tenho qualquer motivação de promoção profissional ou outra do género, mas tão somente o prazer que me dá poder reflectir sobre as coisas e escrever. É uma motivação muito pessoal, portanto.

5 . Qual a sua opinião sobre a blogosfera?
É muito variada e tem um pouco de tudo. Tem também muitos blogues que, em minha opinião, não têm grande interesse para o público em geral: ou porque são meros diários pessoais, em que despejamos para lá as nossas dores ou alegrias e, por isso, são demasiado pessoais ou, porque pura e simplesmente, são demasiado panfletários. Mas enfim, a sociedade é um enorme conjunto de pessoas bem diferentes e a blogosfera reflecte isso mesmo, naturalmente. Mas existem blogues muito bons, e a blogosfera é encarada, cada vez mais, como um espaço de influência e de debate. É um rosto da democracia, sem dúvida.

6. Os blogues poderão substituir a imprensa online?
Penso que não. Os blogues funcionam mais como espaço de opinião e de debate, de fórum, com contornos diferentes dos da imprensa online. Poderão ser talvez entendidos, em certa medida, como um complemento a esta. Além de que convém não esquecer que os bloggers não são, na sua maioria, jornalistas ou pessoas aptas a "dar a notícia", mas sim a "dar a opinião".

7. Em que medida os blogues intervêm na sua vida pessoal e profissional?
Em termos profissionais, tenho recolhido várias informações úteis e constituem fonte de conhecimento. Até porque existem muitos blogues na área das bibliotecas e a sua consulta é uma forma de trocarmos informações e nos mantermos actualizados. Em termos pessoais, são o que eu já disse anteriormente, ou seja, um hobby interessante e uma forma de conhecer pessoas.

8. O que é para si, um bom blogue
Um bom blogue deve ser coerente, de fácil leitura e suficientemente apelativo. Um bom layout ajuda muito (e aqui excluo os layouts demasiado preenchidos ou sobrecarregados de informação, ou com cores demasiado agressivas, etc.). Isto em termos de formato. Em relação ao conteúdo, deverão ser blogues bem estruturados, com informação pertinente para a grande parte do público; menos pessoais, talvez. Pessoalmente, privilegio blogues de cariz mais cultural - mas isso é uma opção minha.

9. A sua participação na blogosfera tem sido gratificante?
Ter um blogue é para mim um hobby que só faz sentido enquanto me der prazer tê-lo. E devo dizer que me tem dado bastante prazer, até agora, pois escrever tem-me obrigado a olhar para os assuntos de outra forma, tem-me levado a reflectir mais sobre as coisas, a estar mais desperta. E esse exercício já é suficientemente gratificante para mim.

domingo, 13 de julho de 2008

A PROPÓSITO DE DANIEL FILIPE


A propósito de Daniel Filipe, um dos meus poetas preferidos, Baptista Bastos, escreveu, há dias:
"No pequeno café onde vou todas as manhãs, ouvi, ontem, esta frase: "Portugal é o nosso exílio." Retive a frase, que me devolveu a memória de um amigo caloroso: Daniel Filipe. A associação de ideias ancorava num dos mais belos e melancólicos livros de poesia: Pátria, Lugar de Exílio, no qual Daniel Filipe dizia: "Pressinto que outra hora insepulta marca o tempo de espera."
Há uma certa similitude entre a dor de aqui existir, entoada pelo grande poeta esquecido, e a angústia de agora estar, não-estando. Pior do que o cerco e o esmagamento é a decapitação da esperança. O exílio interior é o refúgio procurado como defesa da integridade. Como naquela sombria época, vivemos, de novo, no grande cansaço do céu".


Retirei de Pátria, Lugar de Exílio, este fragmento

Aqui mesmo envolto na placidez burguesa
higienicamente limpo e com os papéis em ordem
vestido de nylon dralon leacril
com acabamentos sanitized
e lugar marcado junto ao aparelho de TV
eu
enjoado de tudo e contemporizando com tudo
eu
peça oleada do mecanismo de trituração
eu
incapaz de suicídio descerrando um sorriso-gelosia
eu
apesar de tudo vivo apesar de tudo inquieto
eu
neste ano de 1962
exatamente
não ontem mas precisamente às três horas da tarde
pela hora oficial
exilado na pátria

SÓCRATES, O MAIOR


O Provedor de Justiça Nascimento Rodrigues afirmou, em entrevista ao semanário “Expresso”, que o Executivo de José Sócrates foi o que o fez gastar uma dose maior de paciência.
Nascimento Rodrigues explicou que teve de lidar com “demoras e respostas evasivas” de quatro executivos diferentes. “A verdade é que, tendo-me deparado com quatro Governos – Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, e Sócrates – este último ganha aos pontos na ‘lenga-lenga’. É preciso paciência”, afirmou.
O Provedor de Justiça define como “lenga-lenga” o que considera serem estratégias seguidas pelo Governo de José Sócrates para evitar ou adiar uma resposta às solicitações da Provedoria de Justiça.
O mandato do Provedor terminou na terça-feira e Nascimento Rodrigues indicou estar interessado em abandonar o cargo.
APOSTILA: O que é ininteligível e preocupante é a constatação de impotência, quase de passividade ante o comportamento de alguém, não obstante a precaridade das suas funções, que se atreve a desafiar uma sociedade, um povo, um país.
É preciso, é imperioso, reconstruir, a partir das cinzas, um projecto de Estado de direito no qual seja reduzido ao mínimo a possibilidade de quem quer que seja, poder prejudicar terceiros. Um Estado onde uma tribo, um grupo de dezenas ou centenas de pessoas jamais possa a seu belo-prazer, e com total impunidade, dirigir os destinos dum País com o mesmo à vontade que comanda um par de mulas

sábado, 12 de julho de 2008

FARC ROMPEM SILÊNCIO: PREGAM A PAZ MAS NÃO A DAS SEPULTURAS

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) disseram nesta sexta-feira (11) que a libertação de seus prisioneiros não foi fruto de um resgate, mas de uma fuga facilitada por uma traição. O primeiro comunicado da guerrilha desde a libertação de Ingrid Betancourt e 15 outros prisioneiros, no dia 2, diz que "a paz que a Colômbia necessita não será a paz das sepulturas, baseada na corrupção, no terrorismo de Estado, na felonia e traição".
O presidente Álvaro Uribe e as autoridades militares da Colômbia apresentaram a operação como um resgate "impecável", mas desde o primeiro momento os analistas puseram em dúvida a versão oficial. Uma emissora suíça qualificou-a de "farsa", viabilizada através de um suborno de US$ 20 milhões. Só agora, porém, a guerrilha comentou o episódio.
O comunicado traz a data do dia 5 (sábado passado) e é assinado pelo Estado-Maior Central das Farc-EP (Exército Popular, grupo guerrilheiro que se unificou com as Farc), dirigidas por Alfonso Cano, desde a morte do veterano líder Manuel Marulanda, em maio passado. Veja a íntegra:
"1. A fuga dos 15 prisioneiros de guerra, na quarta-feira passada, 2 de julho, foi conseqüência direta da desprezível conduta de César e Enrique, que traíram seu compromisso revolucionário e a confiança neles depositada.
2. Independente de um episódio como o ocorrido, inerente a qualquer confrontação política e militar, onde se apresentam vitórias e revezes, manteremos nossa política de concretizar acordos humanitários que logrem o intercâmbio [de prisioneiros] e além disso protejam a população civil dos efeitos do conflito. Caso persista no resgate como única via, o governo deve assumir todas as conseqüências de sua decisão temerária e aventureira.
3. A luta para libertar os nossos e outros combatentes políticos presos sempre estará na ordem do dia no conjunto das unidades das Farc, especialmente sua direção. Trazemos a todos eles na mente e no coração.
4. O caminho para obter transformações revolucionárias nunca foi fácil em nenhuma parte do mundo, longe disso. Portanto nosso compromisso se aprofunda diante de cada desafio ou dificuldade.
5. A paz que a Colômbia necessita deve ser resultado de acordos que beneficiem as maiorias. Não será a paz das sepulturas, baseada na corrupção, no terrorismo de Estado, na felonia e traição. As causas da luta das Farc-EP continuam vivas. O presente é de luta, o futuro nos pertence."Confira aqui

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ISRAEL PODERÁ BOMBARDEAR O IRÃO?


A notícia de que o Irão poderia ser atacado a qualquer momento não é novidade. Seja pelos Estados Unidos, que mantém duas frotas navais no Golfo Pérsico Arábico, seja por Israel Pode ser considerada matéria esquentada. No entanto, desde a semana passada, esse assunto voltou à tona, a partir de matéria especial publicada na revista New Yorker. Esse assunto mobilizou boa parte das editoras internacionais dos grandes jornais
Israel que ter o monopólio de só ele possuir armas nucleares. Alguns especialistas afirmam que este país possui cerca de 200 ogivas nucleares.
A Agência Internacional de energia Atómica, presidida pelo insuspeito egípcio Ali Baradei, assegura que o Irão não tem esses planos e nem em 10 anos conseguiria fabricar artefacto nuclear algum. A Estimativa Nacional de Inteligência americana, uma espécie de órgão que emite relatórios referentes a questões de inteligência e questões estratégicas dos Estados Unidos, afirmou em relatório recente que o Irão abandonou o seu programa nuclear para fins de obtenção da bomba há mais de cinco anos.
A revelação feita pela revista New Yorker leva a assinatura de ninguém menos que Seymor Hersh, um dos mais antigos e mais respeitados jornalistas dos Estados Unidos. Um profissional muito sério, cujas fontes são altamente confiáveis. Ele afirma que Bush teria assinado uma ordem de serviço, autorizando um gasto de 400 milhões de dólares para acções que desestabilizem o governo de Teerão, pois vê nesse governo uma clara intenção de fabricar a bomba atómica.
Na semana passada, um conjunto de operações militares, de simulação de guerra aberta, foram realizadas pela aviação israelita, uma das mais modernas e eficientes forças aéreas do planeta.
“Onde há fumaça, há fogo”. Neste caso é verdade. Vários analistas internacionais e mesmo editoriais de grandes órgãos de imprensa, como a revista inglesa The Economist ou o conceituado jornal americano The New York Times publicaram editoriais onde aventam mesmo a possibilidade de ataque iminente de Israel ao Irão. E o argumento central é de que isso deve ser feito durante o mandato do presidente George W. Bush em Janeiro de 2009. Bush, no mínimo, não condenaria o ataque perpetrado pela aviação israelita.
Há dois dados que a imprensa registou na semana que passou e início desta semana. Uma delas é uma declaração contundente do vice-primeiro ministro
Shaul Mofaz, de que só teria uma forma de barrar o processo de fabricação da bomba atómica iraniana: seria bombardeando todas as instalações nucleares desse país. E isso seria feito, segundo ele, sem causar problemas políticos maiores, pelo fato que elas seriam feitas de forma “cirúrgicas’, ou seja, com o menor dano possível ás populações civis e apenas os reactores e usinas de processamento e enriquecimento de urânio seriam atingidas. A opinião pública mundial acabaria aceitando os ataques.
Do lado iraniano, as coisas estão tensas também. Assim que as operações militares, simulações feitas por Israel, Reino Unido e Estados Unidos foram concluídas no Golfo Pérsico, começaram as operações de guerra na forma de simulações, feitas pela guarda Revolucionária do Irã na região do golfo Pérsico-Arábico. Ainda que declarações moderadas vieram à tona vindas da parte do presidente iraniano, a verdade é que as coisas estão muito tensas.
Um dos principais assessores do líder máximo do Irão declarou no último dia 8 de julho, que qualquer ataque americano ou israelita contra o Irã seria imediatamente respondido e que os atacantes se arrependeriam por isso. Afirmou que isso provocaria incêndios nos interesses vitais tanto de americanos como de israelitas na região. Falou em resposta arrasadora e violenta. Pode ser bluff, mas pode não ser. Quem pagará a aposta para ver esse jogo?
O próprio comandante geral da Guarda, general Muhammad Ali Jafari, acabou ameaçando bloquear o estreito de Ormutz, que é uma localidade vital, estratégica para a navegação no Golfo. Os americanos temem isso, pois por esse pequeno estreito passam diariamente em torno de 40% de toda a produção petrolífera que abastece o mundo ocidental.Confira aqui

quinta-feira, 10 de julho de 2008

PARTIDO DE MUGABE E OPOSIÇÃO INICIAM DIÁLOGO


O porta-voz do Presidente da África do Sul disse, hoje, que foram retomadas as conversações para resolver a violenta crise política no Zimbabué entre o partido no poder e a oposição. O porta-voz do governo do Zimbabué, Bright Matonga, também confirmou as conversações entre a União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF, no poder) e o Movimento para a Mudança Democrática (MDC, oposição). As conversações estão a ser mediadas pelo Presidente sul-africano, Thabo Mbeki. O encontro acontece um dia depois da cimeira do G8, onde o grupo das sete nações mais industrializadas do mundo (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e Japão) mais a Rússia acordou na necessidade de serem impostas pelos respectivos Estados-membros sanções selectivas contra o Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, e todos os funcionários superiores da sua administração. Da parte do MDC foi enviado o secretário-geral Tendai Biti, recentemente acusado de subversão (que pode terminal com uma condenação a pena capital), mas que está em liberdade sobre caução. A justiça permitiu-lhe usar o seu passaporte para se deslocar às negociações na África do Sul. Confira aqui.


Entretanto, recomendo vivamente a leitura do Diário de um Sociólogo aqui , aqui , aqui


Apostila: As actividades políticas de Robert Mugabe levam-no a ser preso em 1964. Só saiu da cadeia dez anos depois, em 1974. Parte para Moçambique e a partir daí chefia a guerrilha que se opõe ao Governo da minoria branca de Ian Smith.No início de 1980, já depois do fim do Governo de Ian Smith, torna-se primeiro-ministro da Rodésia, ao vencer as eleições.
Entretanto, Mugabe atinge o principio de Peter. Não soube, não pôde ou não quis abandonar o poder pela porta grande. Preferiu a humilhação. As forças progressistas, neste País, vão levar décadas para recuperarem os escombros e a credibilidade provocadas por um politico egocêntrico e imobilista! O corte artificial com o passado conduziu-o a um beco sem saída. O estigma de Mugabe persegui-los-à, durante um longo período. Entretanto, os senhores que se seguem, irão, inevitavelmente, refugiar-se nos braços acolhedores do FMI, da OMC e das transnacionais. Hoje, e agora, a alternativa é entregar o ouro ao bandido. Tudo isto só é possível porque Mugabe não conheceu, não liu , nem sei se estaria interessado, em conhecer o pensamento desse grande revolucionário africano que foi Amilcar Cabral : “ lutamos para construir uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens.


SLIDESHOWS (HISTÓRIA RECENTE DO ZIMBABWÉ)

FALTA DEMOCRACIA

D. Manuel Martins foi bispo de Setúbal. Passados mais de trinta anos do seu confronto com a dura realidade daquela gente, sofre ainda mais com a paralisia e o silêncio da sua igreja.
"Hoje a nossa Igreja é um arquipélago...A Igreja perdeu a capacidade de sujar as mãos com a vida dos homens. A Igreja deveria manifestar-se mais. Por vezes acredita mais no Belmiro de Azevedo e outros, anda pendurada em dependências...
Gostava de uma Igreja que não condenasse, que dialogasse, que derrubasse muros, que comungasse os problemas do mundo, que ouvisse os clamores das pessoas e lhes soubesse responder .
A Igreja tem de sair para a rua, para o povo notar que está ao serviço do Homem. Toda esta descoberta da dignidade funda-se na democracia que passa pela vivência e pelo testemunho de uma descoberta de valores. E estamos muito longe de qualquer coisa a que se possa chamar de democracia.
As pessoas da Igreja já perderam capacidade de protesto.Por exemplo: perante a lei de trabalho que querem colocar em vigor, não percebo como é que a Igreja se cala, diante de uma agressão tão grande aos direitos da pessoa humana (excertos da reportagem de C. Martins e M. Robalo e foto de Tiago Miranda-Única- Expresso)

ONU CONDENA ATAQUE EM DARFUR

"O Secretário-Geral condena implacavelmente este acto inaceitável de violência extrema contra os militares da força de paz conjunta da União Africana e das Nações Unidas em Darfur."
Sete militares da força de paz conjunta da ONU e da União Africana foram mortos e 22 ficaram feridos, sete deles em estado grave.
A ONU diz que os militares combateram durante mais de duas horas com forças desconhecidas que usaram morteiros e granadas de propulsão
Representantes da ONU suspeitam que as milícias janjaweed, leais ao governo sudanês, estão por detrás do ataque a norte de Darfur.
Diplomatas questionam privadamente se a altura deste ataque pode ter ligações ao facto de representantes sudaneses deverem ser indiciados por crimes de guerra pelo tribunal Penal Internacional em Haia na próxima semana. Confira aqui

A ORIGEM DO VERDADEIRO TERROR NA COLÔMBIA


Muito se tem escrito e falado a respeito da inoportunidade actual da luta das FARC-EP na Colômbia. Alguns por justo e merecido sentimento de compaixão e solidariedade defendem um imediato cessar fogo e unilateralidade nas acções por parte dos guerrilheiros. Outros, por um grave desvio analítico, em que o processo histórico é negado ou esquecido, também querem o mesmo e acreditam ser possível uma efectiva paz no país andino. De uma forma ou outra alguns dados são iludidos, como o fato de que as guerrilhas surgiram como o instrumento de defesa desenvolvido por parte dos camponeses, pequenos proprietários, intelectuais, estudantes e trabalhadores ante ao violento e constante massacre perpretado pelas oligarquias rurais e urbanas aliadas do capital norte-americano, que avançava no sentido do total controle das riquezas minerais e agrícolas do país. Assim, para avivar a memória recente sobre o paramilitarismo e sua relação com o Estado e com as agências de inteligência dos Estados Unidos, este post aborda fatos que envolvem o novo "herói"colombiano, o general Montoya.Ver Crónicas e Criticas da América Latina aqui

quarta-feira, 9 de julho de 2008

AS BATATAS NÃO NASCEM NA MERCEARIA


Ao resgatar Ingrid Betancourt , numa historia muito mal contada, o presidente Álvaro Uribe tira partido do triunfo para consolidar, na Colômbia, um bunker da oligarquia mais sanguinária e pro-imperialista da América Latina contemporânea.
No continente avançam, por vias predominantemente pacíficas, as causas do anti-imperialismo, do desenvolvimento independente, da integração soberana e quando menos do aplacamento das iniquidades sociais. Enquanto na trágica Macondo colombiana perduram os oligarcas sabujos dos Estados Unidos, o paramilitarismo, o narcotráfico, a corrupção, a fraude e a recusa em negociar uma saída para o impasse armado.
Os novos ventos continentais também sopram na Colômbia. Mas momentaneamente foram contidos pelos tambores da guerra e a fanfarra dos êxitos reais ou imaginários na eliminação militar das Farc.
Compreende-se que Ingrid não goste das Farc. O mundo inteiro saudou a liberdade da ex-senadora. E o uso dos sequestros na Colômbia enfrenta críticas como a expressa por Fidel Castro: Isso não exime Ingrid da responsabilidade que os holofotes da fama só realçam. Ela pode se unir a seus compatriotas que lutam por diferentes meios pela solução negociada do conflito armado, o intercâmbio humanitário dos prisioneiros de guerra, uma paz justa e democrática. E pode dar uma mão a Uribe, na busca de uma solução militar que vem ensanguentando o país e terá resultados no mínimo duvidosos.
Caso tenha escolhido Uribe, a prisioneira resgatada terá com certeza sua cota na partilha das batatas do momento. Mas terá feito a aposta estratégica errada, tão certo como a Colômbia faz parte da América Latina. Confira aqui

A CULTURA TEM PROJECTADO CABO VERDE NO MUNDO


O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, afirmou, em Coimbra (Portugal), que a cultura, em especial a música e a poesia, tem projectado Cabo Verde no mundo "mais do que qualquer governo", informou o Semanário Online.
"A primeira embaixadora de Cabo Verde no mundo é a Cesária [Évora]", exemplificou José Maria Neves, ao intervir, segunda-feira, no lançamento da antologia de poesia inédita cabo-verdiana. "Destino de Bai", antologia organizada por Francisco Fontes, reúne 32 autores, incluindo José Maria Neves.
"Destino de Bai" (Destino de partir), que teve ontem, em Coimbra, a sua primeira apresentação pública, no âmbito de um programa evocativo do 33º aniversário da independência de Cabo Verde, reúne colaborações de poetas residentes no país e na diáspora, nomeadamente em Portugal, Brasil, EUA, Suécia, França e Holanda.Confira aqui

G-8 DEBATE ACORDO PARA GARANTIR SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL

No mês passado, uma agência especializada da Organização das Nações Unidas, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida), disse que os preços dos alimentos básicos aumentaram rapidamente nos últimos três anos. Apenas no primeiro trimestre de 2008 os preços do trigo e do milho aumentaram 130% e 30%, respectivamente, a respeito de 2007. No caso do arroz, as moderadas altas em 2006 e um pouco mais acentuadas em 2007 foram seguidas por um aumento de 10% em fevereiro deste ano e outros 10% adicional em março, segundo esse informe.
“A ameaça à segurança alimentar nos países em desenvolvimento cresceram a passos de gigante. Uma ação coordenada da comunidade internacional, e da ONU em particular, é essencial”, acrescenta o estudo do Fida. A resposta imediata do Fida foi tornar disponíveis US$ 200 milhões para estimular a produçao agrícola nos países em desenvolvimento, diante dos aumentos de preços e o baixo nível de reservas mundiais de alimentos.
“Nenhuma instituição por si só poderá resolver a crise. Os doadores, órgãos internacionais, governos das nações em desenvolvimento, sociedade civil e o setor privado têm um papel importante a jogar na luta mundial contra a fome”, declarou o director- geral da FAO, Jacques Diouf. Confira aqui

terça-feira, 8 de julho de 2008

OSTRACIZAÇÃO DO MST


Os interesses por trás da criminalização dos movimentos sociais

Para além da imprescindível defesa do MST e da Via Campesina, uma ampla campanha contra a criminalização dos movimentos, em defesa das greves e do direito de manifestação e organização dos trabalhadores precisa ser um dos temas centrais da agenda do movimento (Fernando Silva - Correio da Cidadania)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

EM CONVERSA COM A AUTORA DO FOTOBLOG "DIGITAL NO ÍNDICO"


Em Novembro do ano passado publiquei umas entrevistas dirigidas a bloggers situados no mundo que fala português e comprometidos na divulgação da história da cultura e das aspirações dos respectivos povos.
Ocorreu-me agora regressar ao tema mas, desta feita, solicitar entrevistas a bloggers, no feminino, e que integram a minha lista de elos.
Ana, moçambicana, autora do fotoblog Digital no Índico formada em administração de empresas, exerce, actualmente, funções na área de recursos humanos.
Gosta de desenhar e pintar, apenas para consumo caseiro, segundo as suas próprias palavras.
Recusa o qualificativo de apaixonada pela fotografia. O seu gosto por fotografar coincide com uma oferta de uma digital. Os responsáveis são os seus manos que a encorajaram e a “forçaram” a criar um fotoblog dedicado a Moçambique. Para os moçambicanos residentes, ou na diáspora, para todos os que gostam de fotografia e de Moçambique, aconselho-os,vivamente, a visitarem o Digital no Índico
Vamos à entrevista?

1 . Como interpreta a disseminação e o interesse crescentes pelo fenómeno blogue?
É algo muito grande e de rede fácil! Por um lado pela disponibilização e interesse que cada um tem e a disseminação da utilização perante os outros... Por outro lado pela correria com que as tecnologias da informática tomam espaço pelo mundo ou se preferirmos connosco. Com poucos conhecimentos cria-se, edita-se, publica-se!

2. A presença do sexo forte (leia-se, das mulheres) também, aqui ,tem sabido afirmar-se e conquistar o seu espaço?
Claro! Mas não acho que seja conquista. Julgo que é necessário entender que a mulher é sempre importante quando ocupa o lugar que lhe é devido em qualquer espaço...

3. Quando navega na blogosfera fá-lo, à vista, ou prefere rumar para um destino já conhecido?
Tudo depende da disposição. Visito blogues que aprecio e que têm qualidade mas, faço também buscas de acordo com o meu interesse.

4. Quais as motivações que a conduziram à criação de um blog?
Através de fotos levar Maputo a familiares e a amigos...

5 . Qual a sua opinião sobre a blogosfera?
Algo que nos permite estar no mundo a qualquer hora e momento. Algo que nos permite investigar. Algo que nos proporciona momentos de relaxamento. Algo que está em movimento permanente. Também é diversidade de opinião, liberdade, respeito, ética, cortesia...

6. Os blogues poderão substituir a imprensa online?
Julgo que não mas, ajudam! Há excelentes informações. Há excelentes visões.

7. Em que medida os blogues intervêm na sua vida pessoal e profissional?
Na vida pessoal: Tempo. Respeito o tempo e tiro proveito para tudo.
Não intervêm na vida profissional...

8. O que é para si, um bom blog?
Que seja bom de ler e bom de ver porque é boa companhia.

9. A sua participação na blogosfera tem sido gratificante?
Sim, faço as minhas fotos correr o mundo. Conheço pessoas espectaculares. Reencontrei amigos/as da minha infância.

domingo, 6 de julho de 2008

RTP ÁFRICA - DE SEGUNDA A SEXTA FEIRA

É o principal jornal da RTP África. Emitido de segunda a sexta-feira, em directo às 19h.A actualidade africana e da diáspora.Política, sociedade, cultura, desporto, 30 minutos de informação que contam com o contributo das redacções da RTP em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S.Tomé e Príncipe e da redacção em Lisboa
Acompanhe as noticias de 07/07, aqui

CASA NO MAPUTO

Casa no Maputo desenhada por Gustave Alexandre Eiffel


Foto: A Lovely World

sábado, 5 de julho de 2008

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA


Vídeo sobre o MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, movimento para obtenção da terra entre os fazendeiros do Brasil ,na região do nordeste do Brasil. Video disponibilizado por Arcoiris TV. Veja aqui

A HIPOCRISIA O HISTERISMO E A IGNORÂNCIA DE MÃOS DADAS NO CASO DOS REFÉNS DAS FARC


Sami Mohieldin El Haj, journalista da rede árabe de TV Al Jazira, passou seis anos e meio na prisão que os Estados Unidos mantém em Cuba. Libertado no início de maio - sem acusação ou julgamento - ele veio à Genebra contar o que sofreu frente às Nações Unidas.
O sudanês foi preso em dezembro de 2001, quando fazia uma reportagem na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão durante a guerra contra o regime talebã. Confira
aqui
Seis indivíduos detidos na Europa permanecem em detenção ilegal na base de Guantánamo, em Cuba, e outro está preso no Egipto depois ter sido submetido a um julgamento injusto perante um tribunal militar. Todas as vítimas das rendições e detenções secretas entrevistadas pela Amnistia Internacional afirmaram terem sido torturadas ou mal-tratadas.
Poderiamos aqui recordar Israel e as suas vítimas, o imperialismo americano e o policiamento
do mundo. As guerras, os bombardeamentos e as mentiras.
Há outros que preferem reduzir e confundir os problemas da humanidade com a guerra suja de Bush´s e de Uribes.
Defendem tiranos com o mesmo à vontade que comercializam detergente. Divulgam e deturpam a realidade histórica num misto de cumplicidade e ignorância.
O assalto aos media faz-se, preferencialmente, com artilharia pesada. Os grandes grupos económicos vão vencendo batalha atrás de batalha e despojam e reduzem a informação a um instrumento ao serviço do grande capital. Leia o que postámos em Novembro de 2007 aqui
Para disfarçar o problema moral dos cúmplices da guerra e da destruição, um comentador de direita do nosso país socorreu-se recentemente da mais desconcertante e desesperada justificação da guerra: se não havia ADMs, havia pelo menos a convicção de que elas existiam (Boaventura Santos)

"A alegria do resgate na Colômbia, não pode apagar o facto de que o governo bombardeou, várias vezes, o acampamento onde se encontravam os retidos, sem se importar com as suas vidas. A única coisa importante para o regime corrupto é o desprestígio da guerrilha..
Nenhum lagarto queria perder o seu lugar na foto ao lado de Ingrid Betancourt, era o troféu do governo. Os outros, os polícias e soldados eram simplesmente os outros. Esperemos que o governo, passada a comoção da vitória, não os deixe à deriva como sempre aconteceu.
O regime não pode embriagar-se com este resgate. Recordamos a história de Fujimori, que em certo momento embriagou-se com o resgate da embaixada do Japão em 1997 e deu-se um banho de massas a passear-se triunfante pelas ruas de Lima. A seguir mostrou o comandante do Sendero Luminoso com o uniforme de presidiário e declarou a morte deste grupo maoista.
A ex-mediadora no caso dos reféns das FARC, a senadora colombiana Piedad Cordoba, criticou um plano do governo visando "comprar" um dos dirigentes da guerrilha para conseguir a libertação da refém franco-colombiana Ingrid Betancourt. Confira o que escrevemos há um mês aqui
"Os assuntos internacionais são, em grande medida, como os assuntos da mafia: um padrinho não pode tolerar a desobediência, nem sequer a de um pequeno lojista que se recuse a pagar pela protecção, porque a maçã podre poderia fazer apodrecer o barril inteiro. A comparação é de Noam Chomsky", intelectual americano
O adversário principal de Uribe é o povo colombiano, o qual não aparece nos inquéritos, o qual é afectado pela privatização da Saúde e da Educação, os milhões de deslocados e refugiados, muitos deles condenados à mendicidade nas grandes cidades.
Se considerarmos a hipótese da desmobilização da guerrilha, perguntemos aos que a apregoam se a desmobilização do M-19, do Quintín Lame, PRT, nos trouxe mais paz ou mais justiça social. A resposta clara e contundente é NÃO, é um não maiúsculo. Ah, mas que nos trouxe a constituição de 91 nos dirão alguns. Então, perguntamos, o que resta dessa constituição? Não nos enganemos, o fim da insurgência não é o caminho da paz. O melhor caminho da paz é antes de tudo a vontade política de lutar por ela e de construí-la. Confira
aqui
APOSTILA: Comentário de um leitor no Correio da Manhã: " Não acham que a Ingrid está com muito bom aspecto, para quem há meia dúzia de dias teria que ser libertada imediatamente senão corria o risco de morrer? Ainda bem que foi libertada e é pena que não se façam operações destas para todos os raptados, ainda que nos tenham de atirar areia para os olhos. ( Mário Joaquim - Torres Novas)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

RESGATE DE 15 REFÉNS DAS FARC


Uma operação militar que contou com a falta de comunicação dentro da guerrilha resultou na libertação de 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), entre os quais Ingrid Betancourt e um lusodescendente. É uma importante vitória da política do Presidente Álvaro Uribe, que foi eleito em 2002 prometendo uma "mão forte" contra a guerrilha...

Decidimos não atacar" os outros 15 guerrilheiros que estavam presentes no local, respeitando a sua vida, "esperando que as FARC, em reciprocidade, soltem o resto dos sequestrados", acrescentou, dizendo que a operação "Jaque" ficará na história "pela sua audácia e eficácia". Santos fez um novo pedido à guerrilha para que "deponha as armas, não se matem nem sacrifiquem os seus homens" e se "desmobilizem". Confira aqui


Três mercenários estado-unidenses, 11 polícias & militares e um membro da classe dominante colombiana foram recuperados dia 2 pelo governo narco-militarista de Uribe. Daquilo que já se sabe deste episódio verifica-se: 1) Seguindo o diktat bushiano, Uribe continua a rejeitar a solução política do conflito – que deveria ter início com uma troca humanitária de prisioneiros, como propõe as FARC-EP. 2) O governo uribiano-bushiano não hesitou em por em risco a vida dos retidos. 3) Os retidos foram mantidos em boa saúde – poderá o Estado colombiano dizer o mesmo daqueles que mantem nas suas masmorras? 4) Regimes repressivos & fascistas muitas vezes obtêm êxitos em operações de comandos, como mostra a história de Israel e da Alemanha hitleriana – mas isso não leva à paz com justiça social. 5) O alarido mediático dos media corporativos volta-se selectivamente para os membros da classe dominante – mas nunca mencionam os sofrimentos dos oprimidos, como os milhões de camponeses colombianos expoliados das suas terras ou as centenas de guerrilheiros das FARC-EP que padecem nas prisões uribistas. 6) A operação ardilosa do dia 2, infelizmente, pôs a Colômbia mais distante da paz. Confira aqui


A operação que permitiu o resgate de 15 reféns das Farc foi 100% colombiana, apesar de os Estados Unidos terem auxiliado em "ajustes prévios", disse o ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos.
A operação resgatou a política Ingrid Betancourt, os americanos Thomas Howes, Marc Gonsalves e Keith Stansell - ligados ao Departamento de Defesa de seu país - e 11 militares e policiais colombianos.
"Nós informamos e pedimos que nos ajudasse com algumas pessoas para testar as teorias que tínhamos e eles nos ajudaram um pouco a calibrar certas coisas, mas à margem. A verdade é que foi uma operação 100% colombiana, inclusive toda a inteligência foi colombiana" Confira
aqui
A mesma fonte faculta-nos o vídeo, que pode ver a seguir.
A primeira reação do governo americano foi dar todo o crédito ao governo colombiano para não parecer uma intervenção. Mas é difícil acreditar que a Casa Branca não tenha tido um papel mais ativo para libertar os três americanos . Confira
aqui

Le Figaro" duvida da "operação colombiana". Confira aqui

IMAGEM DAQUI



quinta-feira, 3 de julho de 2008

DIA DE LUTO NACIONAL NA ÁFRICA DO SUL



A África do Sul organiza hoje, quinta-feira (3) ,um dia de luto nacional pelas vítimas das recentes violências xenófobas, que fizeram mais de 60 mortes nos bairros pobres do país.
Um serviço religioso terá lugar em Pretoria na presença do presidente Thabo Mbeki. O presidente sul-africano irá fazer um apelo público para que " as violências não se repitam jamais".
A África do Sul é a primeira potência económica do continente, o que atrai numerosos imigrantes. No entanto, um, em cada três trabalhadores, está no desemprego e 43% da sua população vive abaixo do limiar de pobreza.
A frustração dos mais pobres tomou como alvo os estrangeiros, fazendo pelo menos 62 mortes entre os quais vinte sul-africanos e dezenas de milhares de deslocados.
Milhares de estrangeiros regressaram aos seus países e cerca de 13.000 continuam em campos de refugiados da África do Sul.Confira aqui

quarta-feira, 2 de julho de 2008

A IMPRENSA SOBREVIVERÁ À INTERNET?


Num Seminário realizado, no Recife – Brasil - de 17 a 20 de Junho, promovido pela Fundação Joaquim Nabuco, os debates em torno do jornalismo, da formação, da liberdade de imprensa, resvalaram inevitavelmente sem surpresa, para muitos: a internet
O que acontecerá com os jornais impressos diante do jornalismo online? Os jornais conseguirão sobreviver publicando hoje o que ''todo mundo'' já sabe desde ontem? Sobreviverão com o formato actual? Com o mesmo modelo de negócios? Serão gratuitos?
Os blogues de notícias reproduzem o jornalismo dos média? O que os bloggers fazem é jornalismo?
Qual a distribuição dos internautas por classe, escolaridade, rendimentos, padrões de consumo? A internet é elitista e excludente?
A internet tem algum poder de influência nos resultado eleitorais? Existe alguma forma de se controlar a propaganda eleitoral na internet?
Quem controla a internet? Evidentemente, não há respostas consensuais sobre essas questões nem elas surgiram no seminário de Recife.
Pesquisas recentes indicam que, nos Estados Unidos, por exemplo, somente 19% da população entre 18 e 34 anos se declara leitora de jornais - que, aliás, desde 2004, ocupam o último lugar entre as fontes de notícia preferidas pelos leitores mais jovens.
Será que as promessas democratizantes da internet correm o risco de se frustrar pelas mesmas razões que têm provocado, por exemplo, a contaminação de coberturas jornalísticas - o chamado ''jornalismo sitiado'' produzido dentro de mega estruturas empresariais e, portanto, permanentemente sujeito às interferências directas ou indirectas de interesses (não-jornalísticos) de seus controladores?
De qualquer maneira, o importante é que as questões sejam propostas e debatidas. E é isso que eventos como o promovido pela Fundação Joaquim Nabuco oferecem: oportunidade para se buscar e, eventualmente, encontrar directrizes para uma imprensa e uma internet livres e democráticas, a serviço apenas do interesse público. Confira aqui